Monday, September 2, 2013

Domingo, a História da Gaivota (parte2)

Hoje estava na praia de S. João da Caparica, na Costa da Caparica e, logo à entrada estavam duas raparigas a distribuir panfletos para a participação num cordão humano à beira mar, contra a construção de uma linha férrea na linha da praia, e a construção de uma plataforma de contentores à entrada do Rio Tejo. Fantástico! Os projetos autárquicos são cada vez mais inteligentes, e não é de mais acrescentar, quantas “luvas” terá este processo.

Mas, estava eu a curtir o mar, quando vejo uma gaivota a flutuar perto de mim, fiquei surpreendida, mas só dou conta que está alguma coisa errada quando, a gaivota chega a rebentação e tenta atingir a areia, e não consegue nem voar nem andar, mas entretanto uma rapariga alcançou-a e levou-a com ela, e eu pensei, ok foram ver o que é que se passava; poucos minutos depois saí da água, e qual é o meu espanto, quando vejo a gaivota largada ao acaso na areia. Voltou aparecer a tal rapariga, e eu disse-lhe olhe, vou telefonar aos bombeiros, porque há dias, lá na minha rua um gatinho meteu se no motor de um carro e eles foram salvar o gato, e assim foi, telefonei para os bombeiros, de lá disseram que, o assunto era com a Guarda Costeira, e disseram-me que iriam reencaminhar, passou meia hora, chateei-me, agarrei na gaivota com cuidado, e pedi a outra rapariga com quem estava a conversar que me ajudasse a levar as minhas coisas para o carro, que eu ia levar a gaivota ao Jardim Zoológico, quando estava a sair da praia deu-me a sensação que a bicha ia morrer, mas depois com o vento ela acalmou-se e ficou bem. 

Cheguei ao Jardim Zoológico, e ia só vestida com o biquíni, e falei com a polícia, e disseram – me que ali não recebiam animais, mas a portaria do Jardim Zoológico informou que me deveria dirigir ao Parque Ecológico de Monsanto. Sorte a minha, que cheguei lá, e estava a abrir a porta, porque ao Domingo é só a partir das duas da tarde; estava lá outro doente, um pato, que tinha sido atacado por um cão, e os donos do cão levaram ali o animal para ser tratado. Logo a seguir chega a médica veterinária, e eu em stress estava a chorar, ela disse me, para ligar na próxima quarta-feira para saber da minha amiga, e eu pedi-lhe que quando a gaivota recuperar, que a possa devolver à natureza, na mesma praia. Foi um dia emotivo.

Tanta gente na praia, que continuava a jogar à bola, e tanto lhes fazia estar a morrer uma gaivota, completamente condenada, com uma asa partida, que nunca mais poderia voar. Estar a morrer um símbolo de Portugal, um País tanto ligado ao mar, uma gaivota, símbolo da Liberdade.

A águia do mar, a gaivota, constitui a inspiração da mais alta tecnologia militar norte americana, através do estudo desta ave, a Força Aérea americana criou a última geração de aviões de combate, o Stealth; quer sob o ponto de vista de visão da águia do mar, sobretudo noturna, quer o voo em pique, quer a cor prateada que a torna completamente invisível no horizonte, entre o céu e o mar. Mas também, é um pássaro tão importante para os marinheiros, para quem ama o mar, ou para quem vigia, e combate no mar, que os fuzileiros navais norte americanos se designam, “Seals”.

A Gaivota vai voar novamente, tenho a certeza. Mas para terminar, Deus devolve-nos em dobro, o que fazemos de bem. Mas chorei, sobretudo, porque me lembrei do quanto livre é a gaivota, chorei porque eu também “parti uma asa” em tempos que já lá vão, e talvez não tivesse sobrevivido. Por mim, por todos os que “partiram uma asa” e não puderam voar, pelos que morreram e pelos que sobreviveram, esta gaivota voltará a voar.

Já agora, cumprimentos à CM Lisboa, pelo Parque Ecológico de Monsanto, pela qualidade do serviço público, e pela grandeza política da ideia. Quando em Portugal, nada se cuida da ecologia, ao cúmulo de locais com a distinção de Património da Humanidade, estejam desprovidos de preocupações ecológicas, e do futuro do Planeta Terra.

Elsa BS David
http://tvalbufeiraopiniao.blogspot.pt/2013/09/gaivota-o-hino-da-liberdade.html

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