Dois anéis de diamantes, avaliados em um milhão de euros, uma viagem a Itália, um saco com fotocópias de notas de 500 euros, dois cidadãos do Leste, o conhecido joalheiro de Lisboa Ricardo Torres e o ex-gestor da Universidade Independente Amadeu Lima de Carvalho. São estes os ingredientes de uma investigação que corre no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e que pretende apurar o que aconteceu a duas peças preciosas.
De acordo com informações recolhidas pelo DN, os factos remontam aos últimos meses de 2009 quando Artur Mkhitaryan, cidadão arménio, contactou Natália Kursevich, de nacionalidade russa, para que esta lhe arranjasse um comprador para dois anéis. Um deles, peça de família, tinha um diamante azul. O segundo, um diamante verde. Ambos estavam certificados pelo Instituto de Gemologia de Moscovo. Natália terá, então, entrado em contacto com Ricardo Torres, dono das joalharias Torres. Este terá reencaminhado a cidadã russa para Amadeu Lima de Carvalho. Que, segundo alegam os queixosos Artur e Natália, se prontificou a encontrar um comprador que pagasse em notas. O negócio iria consumar-se durante uma viagem a Milão. Natália, Artur e Amadeu Lima de Carvalho pretendiam fazer o negócio naquela cidade italiana. Mas, foi aqui que tudo se complicou: os queixosos alegam que Amadeu Lima de Carvalho começou por dizer que os supostos compradores não podiam aparecer para fazer o negócio. Depois, segundo o mesmo relato, o antigo gestor da Universidade Independente, afirmou que o comprador, afinal, não queria ver Natália e que ele próprio trataria da transacção. Amadeu Lima de Carvalho teria então saído com os anéis, regressando com uma mala preta com o que deveria ser notas de 500 euros. Porém, uma perícia realizada pela Polícia Judiciária revelou que as notas não passavam de fotocópias feitas em Itália.
Queixa no MP
Natália Kursevich relata ainda na queixa apresentada que mal recebeu a mala com as "notas" alertou para a falsificação e que Amadeu Lima de Carvalho terá simulado uma perseguição ao suposto comprador. Ainda em Itália, acabaram todos numa esquadra de polícia, mas não apresentaram queixa. Esta foi avançada em Portugal e a investigação está a cargo da 8.ª secção do DIAP de Lisboa. Amadeu Lima de Carvalho e Ricardo Torres já foram constituídos arguidos por suspeitas de burla. O ex-gestor da Universidade Independente - que, este ano, já foi detido pela Polícia Judiciária quando tentou levantar num banco um cheque de 25 milhões de euros - garantiu ao processo que apenas serviu de intermediário, não tendo participado directamente nas conversas entre Natália e o comprador italiano. "Não tenho nada a ver com a senhora Natália", disse, ontem, ao DN. Por sua vez, Ricardo Torres - que o DN não conseguiu contactar - afirmou desconhecer que Natália e Amadeu Lima de Carvalho estavam em Itália a negociar a venda das duas peças. Porém, uma testemunha ouvida no processo relatou que, durante o período em que decorreu a viagem, tentou falar com Ricardo Torres, mas a mulher deste informou que o dono das joalharias Torres se encontrava em Itália. A PJ chegou a fazer uma busca a uma ourivesaria e a arrombar um cofre.
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