“Nacionalizações à vista”
Para grandes problemas, grandes soluções.
O Governo tem já no curriculum vitae, dois Orçamentos de
Estado chumbados, estamos no decorrer do mês de Junho, e as alterações ao
Orçamento Retificativo ainda não forma elaboradas e muito menos discutidas no
Parlamento; daí que o Governo possa negar-se a efetuar o pagamento dos
subsídios de férias à Função Pública, dando-lhe jeito que se protele o
Orçamento de Estado definitivo, porque assim não tem compromissos políticos em
falta, e a margem de incerteza económica é de tal maneira grave, que penso até
que exista uma espécie de acordo secreto para a manutenção do status quo,
envolvendo o PCP e o BE, pactuado com os Partidos Políticos no Governo e com os
socialistas, para que a indefinição orçamental se mantenha, no sentido que seja
viável e possível o 2.º resgate a Portugal.
Queria cortar caminho nas razões pelas quais as
nacionalizações virão a grande velocidade para o tabuleiro político, que já se
sabem sobremaneira. Por um lado o caso BPN, foi um exemplo de uma
nacionalização feita á liberal “entalado”, que compra um passivo financeiro
gigante e depois vende a qualquer preço, sendo que esse diferencial entre o que
o Estado perdeu na compra do Banco e o que encaixou com a venda, foi o início
do Titanic.
Ao que parece, e já estou receosa que seja a esquerda
populista e mais a dita radical, a executar a “salvação nacional”, dado que
ainda temos empresas coim participações estatais que são diamantes.
Nomeadamente os 11% do estado na REN (Rede Elétrica Nacional), que o Governo
PSD com olhar guloso pensa já em dispersar essa mesma participação pública. No
entanto, várias questões se colocam nas secretárias do Poder : a descida de
juros provoca uma subida do preço alvo por ação na ordem de uma valorização de
20,3%. Ora, a REN tem uma carteira de ações na Bolsa de Valores de 5,2% que
representa um número aproximado de 80 milhões de euros ( logo se 5% estão para
80 milhões €, 100% estão para 16 mil milhões €), atrativo sem dúvida para
qualquer Governo que se queira salvar do pesadelo e do afogamento do défice
público; por outro lado, sendo a Rede Elétrica Nacional, fundamental para a
independência e segurança nacional, e tendo previsto em Plano de Investimentos
3.200 mil milhões €, sendo que 900 milhões € estavam destinados à rede de
transportes e armazenamento de Gás natural, ponto essencial de várias linhas
políticas desenhadas na última década respeitantes a negociações bilaterais, a
começar coma Espanha, e depois com os países do Magreb, alienar portanto a
participação pública desenha-se uma possibilidade entre mãos, quer estejam
incluídas as subsidiárias associadas à REN, como a atividade de exploração de
minerais (Também de interesse estratégico), com as minas de ouro no Alto
Alentejo, ou a Rede Ecológica Nacional, que recebe prioritariamente fundos
europeus de relevância económica para o desenvolvimento sustentável. O negócio
da alienação da participação do Estado na REN é bem possível que se concretize,
mas é igualmente possível que logo a seguir se proceda à nacionalização da
empresa. E é este o xadrez que pode salvar o Governo da agonia, mas muito sublimemente
com o concordo da Oposição.
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