Saturday, July 6, 2013

O Partido Nacional Renovador: a nova extrema-direita na democracia portuguesa

O Partido Nacional Renovador: a nova extrema-direita na democracia portuguesa

José Mourão da Costa*
FCSH, Universidade Nova de Lisboa

O Partido Nacional Renovador (PNR) representa o mais recente desenvolvimento na história das organizações e partidos de extrema-direita em Portugal. Fundado na viragem do século, veio preencher um espaço órfão de representação partidária e romper com a tradição universalista e multirracial do nacionalismo lusitano. Assumindo um papel aglutinador entre o movimento associativo afecto à extrema-direita, o partido constituiu-se como a expressão portuguesa de uma nova linhagem de partidos nacional-populistas na Europa Ocidental. Contudo, apesar de ter adquirido uma visibilidade sem precedentes entre os seus antecessores na era democrática, o seu desempenho no plano eleitoral não feriu a tese da marginalização da direita radical portuguesa.

Palavras-chave: Extrema-direita; nacionalismo, Partido Nacional Renovador.



The PNR and the new far-right in Portuguese democracy

Abstract

The Partido Nacional Renovador (National Renewal Party) represents the latest development in the history of far-right organizations and parties in Portugal.

Established at the turn of the century, it occupied a niche unclaimed by any other party, breaking with the universalist and multiracial tradition of Portuguese nationalism.

Taking on a unifying role within the far-right associative movement, the party established itself as the Portuguese manifestation of a new lineage of nationalist-populist parties in Western Europe. However, despite having acquired a visibility that was unprecedented among its predecessors in the democratic era, its performance on the electoral stage did not alter the marginal status of the Portuguese far-right.

KeywordsExtreme right; nationalism; Partido Nacional Renovador.



Introdução1

No final da Segunda Guerra Mundial, a exposição das atrocidades cometidas durante o conflito, bem como a confiança nas instituições políticas e o ciclo de crescimento económico que se lhe seguiu, deslegitimaram os herdeiros do fascismo e do nacional-socialismo na Europa Ocidental. No entanto, desde o final dos anos 70, e sobretudo a partir da década 80, assistiu-se ao ressurgimento da direita radical no mapa político europeu, bem como à sua penetração nos sistemas parlamentares em diversos países do velho continente. Advogando um nacionalismo de recorte etnocêntrico e exibindo uma retórica anti-sistema, esta nova família política procurou responder às transformações induzidas pela globalização e atrair os grupos mais ameaçados pelos fenómenos do desemprego e da insegurança. Em Portugal, o espaço da direita radical na arena democrática foi fortemente condicionado pelas características do anterior regime, pela própria natureza da transição e pelo clima político ulterior à Revolução dos Cravos. Superando um ambiente institucional pouco propício à emergência de forças nacionalistas, a implantação do Partido Nacional Renovador (PNR) no sistema partidário, ocorrida no raiar do séculoxxi, veio relançar o debate sobre o espaço da extrema-direita em Portugal. O presente artigo pretende assim constituir um contributo para a compreensão do fenómeno do nacional-populismo na Europa, através de um olhar sobre a nova extrema-direita lusitana e a sua mais recente expressão no tecido partidário. Partindo de uma leitura sobre dinâmicas sociais e políticas que abriram caminho aos partidos exclusivistas no teatro europeu, procura-se reconstituir o essencial do trajecto do PNR. Ao mesmo tempo, serão analisadas as convulsões internas e os comportamentos políticos que aproximaram o partido dos principais intérpretes da extrema-direita pós-industrial, assim como os preceitos ideológicos que permitem enquadrar o seu aparecimento no contexto de uma nova linhagem europeia. Por fim, a partir do desempenho do PNR na frente eleitoral, este artigo debruça-se sobre as actuais possibilidades de afirmação de um partido nacionalista na democracia portuguesa.



Mudança de valores

De acordo com a teoria sobre valores materialistas e pós-materialistas enunciada por Inglehart (1971) no inícios dos anos 70 o desenvolvimento pós-industrial das sociedades ocidentais a partir de meados dos anos 60 desencadeou uma mudança profunda nas prioridades valorativas dos cidadãos. As gerações do pós-guerra, conhecendo ambientes de paz, abundância de bens materiais e sistemas de protecção social alargados, assumem como prioridades valorativas questões como a qualidade de vida, a protecção do ambiente ou a participação política. Ao mesmo tempo, o declínio das relações laborais enquanto motor dos conflitos sociais, a par dos fenómenos de secularização e atomização, esbateram os vínculos tradicionais e o sentido de pertença (Eatwell, 2003; Ignazi, 2003). Na esfera política, este processo irá traduzir-se na reestruturação dos eixos de conflito ideológico, através da introdução de novos ingredientes na tradicional clivagem entre esquerda e direita. As antigas fracturas de natureza económica, centradas no papel do Estado na distribuição de riqueza ou na propriedade dos meios de produção, não mais definem em exclusivo o eixo de conflito nas sociedades pós-industriais, que passa a acomodar novas clivagens de natureza não material (Eatwell, 2003; Freire, 2003a; Ignazi, 2003).

As primeiras manifestações políticas da cultura pós-moderna surgem com a revolução jovem e os movimentos sociais dos anos 60. Esta geração foi movida pela crítica aos princípios fundamentais das sociedades modernas centralismo político, industrialização e burocratização reclamando ao mesmo tempo uma maior participação democrática e afirmação individual. As suas reivindicações adquirem fisionomia política no final da década de 70, com a emergência dos partidos da esquerda libertária (Kitschelt, 1997) ou partidos Verdes (Ignazi, 1996). Adoptando formas de militância menos rígidas e descentralizadas (Cole, 2005), os partidos Verdes apresentaram um amplo conjunto de reivindicações sob a tónica do pacifismo, igualdade, direitos das minorias, liberdade sexual, entre outras questões (Ignazi, 2003; Kitschelt, 1997).

As transformações sociais e os novos eixos de conflito incorporados pelos partidos Verdes ou da esquerda libertária despertaram também novas formas de reacção de natureza não material. O ponto de transição surge nos princípios da década de 80, com os ecos da viragem conservadora nos países anglo-saxónicos e a infiltração das teses da nouvelle droite na cultura política da direita. Estas duas correntes iriam desencadear uma contra-revolução silenciosa (Ignazi, 1992), que abriu caminho a uma nova vaga de extrema-direita, quer através do nascimento de novos partidos, quer através da reconversão de partidos revivalistas do fascismo (Ignazi, 2003).

A transmissão destas duas correntes para a direita europeia foi inicialmente absorvida pelos partidos conservadores e desencadeou dois movimentos opostos: uma primeira dinâmica centrífuga, que antecede a abordagem destas forças ao poder, sendo caracterizada pela radicalização do discurso político e a politização de temas como a imigração ou a segurança. Um segundo movimento centrípeto é accionado quando estes partidos assumem responsabilidades de governo, sendo caracterizado pela moderação do discurso e a incapacidade de responder a preocupações por eles introduzidas. Esta polarização é geralmente acompanhada por uma acentuada crise do sistema de representação, abalado pela desacreditação das instituições e das elites, consideradas distantes dos seus representados e recorrentemente conotadas com práticas clientelares e formas de corrupção diversas. Tais atitudes produziram um contexto extremamente favorável ao aumento da volatilidade eleitoral e constituíram um fortíssimo elemento mobilizador da nova direita radical europeia, proporcionando-lhe um nicho eleitoral que viabilizou a sua penetração nas esferas de representação política (Ignazi, 2003; Kitschelt, 1997; Minkenberg, 2000).

O desenvolvimento pós-industrial das sociedades ocidentais produziu assim dois fenómenos opostos: a afirmação individual e o reforço dos mecanismos de participação democrática, pela mão de movimentos sociais progressistas e dos partidos Verdes; o primado da segurança sobre a liberdade, pilar da revolução conservadora no universo anglo-saxónico, inicialmente absorvido pelo centro-direita na Europa Ocidental. Beneficiando da dinâmica gerada pelos fenómenos de radicalização e polarização na sua abordagem ao poder, a partir do final da década de 70 uma nova linhagem de extrema-direita começou a incorporar as reivindicações introduzidas pelos partidos conservadores (Ignazi, 2003; Mudde, 2000).



Uma nova família de extrema-direita

Desde a Segunda Guerra Mundial existiram fundamentalmente três vagas de partidos de extrema-direita na Europa Ocidental. Uma primeira vaga corresponde aos partidos revivalistas do pós-guerra e foi corporizada, em larga medida, pelo Movimento Sociale Italiano, criado em Dezembro de 1946, e o Sozialistische Reichspartei na Alemanha, fundando no mesmo ano e interditado em 1949.2 Estes partidos foram essencialmente caracterizados por uma continuidade em relação ao fascismo e ao nacional-socialismo, embora sem a organização miliciana e o fulgor ideológico dos seus modelos históricos.

Com a segunda vaga de partidos, nas décadas de 50 e 60, a extrema-direita apresenta um padrão menos estruturado e coerente. Neste período, os mais relevantes actores políticos no quadro europeu foram, entre outros, o movimento francês Union de Défense des Commerçants et Artisants, criado em 1953, o holandês Boerenpartij, fundado em 1958, e o Nationaldemokratische Partei Deutschlands que, em 1964, representa a uma primeira tentativa de reabilitação do nacionalismo alemão. Não obstante o passado político dos seus quadros ter transportado alguns vestígios da matriz fascista, esta geração encarnou as primeiras reacções aos ciclos de crescimento económico acelerado que marcaram a Europa Ocidental do pós-guerra.

Em paralelo com o declínio dos partidos ligados à velha matriz fascista, a terceira vaga de extrema-direita no velho continente irrompe no final dos anos 70 e sobretudo com a chegada da década de 80. Entre manifestações nacionalistas e regionalistas, este fenómeno adquiriu rapidamente expressão continental, com a emergência de novos partidos em países como a Alemanha (Deutsche Volksunion e Republikaner), a Bélgica (Vlaams Belang), a Dinamarca (Fremskridtspartiet e Dansk Folkeparti), a França (Front National), a Itália (Lega Nord), a Noruega (Fremskritspartiet), a Suécia (National Demokraterna) e a Suíça (Schweizerische Volkspartei-Union).

A rápida proliferação de partidos de extrema-direita beneficiou de mecanismos de natureza relacional, como o contacto institucional entre lideranças ou o contacto informal entre redes de militantes, e também de mecanismos de natureza não-relacional, como a disseminação de literatura estrangeira ou a divulgação no espaço mediático dos casos de maior sucesso (Rydgren, 2005). Os partidos escandinavos, em particular a Dinamarca e a Noruega, foram os primeiros a conhecer fenómenos de crescimento assinaláveis.3 Nas décadas seguintes, a penetração de partidos nacionalistas nos sistemas parlamentares e a sua consequente institucionalização estendeu-se a outras democracias ocidentais. Em países como a Itália, a Áustria ou a Holanda, o sucesso de forças de extrema-direita permitiu mesmo a sua participação em coligações governamentais. No caso austríaco, a passagem do Freiheitliche Partei Österreichs pelo poder foi conseguida após um resultado próximo dos 26% nas eleições parlamentares de 1999, um desempenho sem paralelo na história da direita nacionalista europeia.

No entanto, apesar do protagonismo alcançado nestes países, foi sobretudo a projecção política e a expressão eleitoral da Front National em França que forneceu um efeito de demonstração e verdadeiramente despertou uma nova família política de extrema-direita na Europa Ocidental (Betz, 1994; Kitschelt, 1997; Ignazi, 2003; Carter, 2005). Criada em 1972, a Front National consegue um primeiro desempenho atípico nas eleições europeias de 1984, onde conquista 11,2% dos votos. Já em 1986, beneficiando do excepcional recurso ao sistema de representação proporcional em eleições legislativas, obtém um número considerável de mandatos no Parlamento francês. Sustentado por uma oposição ruidosa ao fenómeno da imigração, e sobretudo pelo carisma do seu líder histórico, Jean-Marie Le Pen, este partido foi rapidamente projectado para a arena mediática, constituindo-se desde então como referência ideológica e modelo organizativo para um conjunto de novos partidos no espaço europeu (Eatwell, 2002; Mudde, 2005; Norris, 2005). Em Portugal, a influência dos nacionalistas franceses seria igualmente determinante para a implantação e afirmação da nova direita radical no tecido partidário.



O caso português

Nas últimas décadas do século xx, os fenómenos sociais e económicos que caracterizaram os desenvolvimentos pós-industriais das sociedades ocidentais, assim como os comportamentos políticos que lhes surgiram associados deslocamento dos eixos de conflito e aumento da volatilidade eleitoral foram menos acentuados no caso português. Ao contrário de Espanha, onde a influência de valores pós-materialistas nas atitudes políticas se aproxima dos países mais desenvolvidos, Portugal apresentou indícios de um processo de mudança de valores tardio (Freire, 2003a; Jalali, 2007). Igualmente em sentido oposto a outros países da Europa Ocidental, o novo eixo de polarização em Portugal aparenta ser perfeitamente perpendicular à tradicional clivagem entre esquerda e direita (Freire, 2003a). Deste modo, os temas mais conotados com as novas manifestações no quadro da esquerda, assim como a sua reacção conservadora, parecem, no caso português, ter sido de alguma maneira absorvidos (em termos ideológicos) pelos partidos tradicionais (Freire, 2003a, p. 350).

Por outro lado, as vicissitudes políticas que marcaram o período da transição, momento crucial da mobilização política em Portugal (Jalali, 2007), determinaram que o apoio partidário se tenha estruturado em torno do conflito pela escolha do regime, em detrimento de clivagens sociais e religiosas. A adesão à União Europeia e o fluxo abundante de fundos comunitários acabariam nos anos seguintes por reforçar a posição eleitoral dos dois partidos centristas e consolidar o próprio sistema partidário (Freire, 2003a). Estes factores contribuíram em larga medida para explicar a ausência das manifestações políticas associadas aos desenvolvimentos pós-industriais. Contudo, fruto do crescimento económico, da mudança geracional e da consolidação de fenómenos sociais que enfraqueceram os vínculos e lealdades partidárias, o final dos anos 90 e o início do séculoxxi trouxeram consigo uma maior penetração de valores pós-materialistas, indiciando uma inversão na tendência até então registada. De igual modo, algumas das transformações políticas que caracterizaram a Europa Ocidental nas décadas de 70 e 80, têm vindo nos últimos anos a sofrer as primeiras réplicas em Portugal (Jalali, 2007; Zúquete, 2007).

À esquerda, as causas e reivindicações que marcaram a emergência dos partidos Verdes na Europa Ocidental não despertaram nenhum intérprete político até final dos anos 90. Mais recentemente, a representação deste fenómeno tem vindo, ainda que de forma cautelosa, a ser atribuída ao Bloco de Esquerda (Jalali, 2007; Zúquete, 2007). Esta hesitação prende-se fundamentalmente com a singularidade do partido no contexto da emergência dos chamados partidos Verdes na Europa. Enquanto produto de uma aliança relativamente heterogénea de forças de extrema-esquerda (Jalali, 2007, p. 98) em 1999, o Bloco não nasceu de uma raiz libertária. Por outro lado, o seu percurso nos primeiros anos mostrou que, quer ao nível dos quadros políticos, quer em termos programáticos, o partido não se afastou substancialmente do legado das forças políticas que estiveram na sua origem. No entanto, apesar desta singularidade, a apropriação dos temas que definem a agenda pós-industrial por parte do Bloco de Esquerda permitiu-lhe alargar de forma significativa a base de apoio dos partidos que estiveram na sua génese. Ao mesmo tempo, a forte adesão que recolheu junto do eleitorado jovem sobretudo entre os jovens mais secularizados, com maiores níveis de instrução e residentes nos grandes centros urbanos permitiu-lhe aceder às esferas de representação e assim consolidar-se no sistema partidário português (Freire, 2003a).

À direita, o peso da memória colectiva e as cicatrizes do período revolucionário continuam a exercer um constrangimento fortíssimo ao aparecimento de novas forças políticas à direita do Centro Democrático Social (CDS). Porém, as convulsões políticas decorrentes da mudança de valores não foram em Portugal um exclusivo da esquerda. No início da década de 90, em reacção ao esvaziamento político imposto pelos executivos de Cavaco Silva à direita, o CDS, renomeado Partido Popular em 1993, introduziu na agenda política alguns dos temas que caracterizaram a viragem conservadora na década de 80 (Pinto, 1996). Com recurso a um estilo populista (Jalali, 2007), a liderança de Manuel Monteiro levou ao debate público questões como a segurança, o reforço da protecção social para cidadãos nacionais, ou a primazia da independência nacional face aos projectos supranacionais. A politização destes temas associou também o nome do partido à defesa de leis de imigração mais restritivas, políticas de segurança mais severas, e ainda à adopção de uma postura eurocéptica, que levou mesmo à sua expulsão do Partido Popular Europeu, em 1993.

Por outro lado, embora já no início dos anos 80, sob a direcção de Lucas Pires, o CDS tenha experimentado uma efémera deriva liberal (Robinson, 1996), o reforço da iniciativa privada e a redução do peso do Estado na economia regressaram igualmente ao discurso do partido no consulado de Manuel Monteiro. Estas posições e a consequente radicalização do debate político contribuíram para o auspicioso desempenho eleitoral do CDS-PP em 1995, quando o partido se posicionou como terceira força nacional (Pinto, 1996). Mais tarde, já sob a liderança de Paulo Portas, a integração do CDS-PP na coligação governamental saída das eleições legislativas de 2002 levaria o partido a moderar o seu discurso nacionalista e securitário, bem como a realinhar o seu posicionamento europeísta. Esta trajectória centrípeta acabou por não ser acompanhada pela emergência de uma força política com expressão eleitoral à direita do CDS-PP. No entanto, a reacção autoritária à mudança de valores na Europa Ocidental não deixou de ter os seus intérpretes em Portugal.



O Partido Nacional Renovador

Com a transição desencadeada pela Revolução do 25 de Abril de 1974, a extrema-direita em Portugal enfrentou um contexto extraordinariamente adverso, que a remeteu para uma posição marginal na cena política portuguesa (Gallagher, 1992; Pinto, 1995; Davis, 1998; Zúquete, 2007). Despida de um projecto político após o fracasso histórico da proposta integracionista e de uma nação euro-africana (Pinto, 1996, p. 246), os herdeiros da mitologia fascista acomodaram-se ao novo elenco partidário ou afastaram-se em definitivo da arena política. A partir da década de 80, com a elite intelectual da extrema-direita distante do universo associativo remanescente, surgiram no país as primeiras manifestações de um novo paradigma nacionalista, associadas a um conjunto de pequenas organizações juvenis. Carentes de referências ideológicas no tecido nacional, as novas gerações de activistas começam neste período a absorver influências e a assimilar o discurso de organizações estrangeiras.

A ruptura doutrinária em relação ao nacionalismo universalista e à sua tradição multirracial seria assinalada pelo Movimento de Acção Nacional, fundado em 1985 por um grupo de jovens oriundos da cintura suburbana de Lisboa. Apesar de uma instável base militante e da sua efémera existência, esta organização foi percursora em Portugal do discurso exclusivista que incubou a terceira vaga de partidos nacionalistas na Europa Ocidental. Inicialmente disfarçado por uma roupagem skinhead e um tom racialista, este discurso introduziu em Portugal os primeiros indícios de um nacionalismo de recorte etnocêntrico. Das fileiras do Movimento de Acção Nacional saíram também alguns dos principais rostos da nova extrema-direita portuguesa, que a partir de meados da década seguinte iriam ter um papel determinante na edificação do Partido Nacional Renovador, na definição da sua identidade política, e na gradual aproximação do partido aos seus principais congéneres europeus.



Salazaristas vs. Europeístas

Em meados dos anos 90, já portadora de um discurso exclusivista mais refinado, a geração saída do Movimento de Acção Nacional e de outras estruturas organizativas do mesmo período4, procurou capitalizar a mobilização juvenil da década anterior ao serviço de uma estrutura política mais robusta. Neste grupo reúnem-se nomes como Bruno Oliveira Santos, José Luís Paulo Henriques, José Pinto-Coelho e Paulo Rodrigues, partilhando não apenas uma trajectória associativa, como também uma consciência europeísta, moldada pelas crescentes ligações a movimentos de extrema-direita no velho continente. Os esforços para contrariar a aridez organizativa da direita radical e para a recolocar no espectro partidário são nesta fase partilhados com outras sensibilidades da área nacionalista.

A principal corrente é formada por figuras afectas ao anterior regime e é liderada por António Cruz Rodrigues, histórico salazarista e figura incontornável das hostes nacionalistas em Portugal. Ligado ao Centro de Estudos Sociais Vector no princípio da década de 70, Cruz Rodrigues associa-se às primeiras manifestações partidárias da direita radical nos anos da transição, integrando o Movimento Popular Português, em 1974, e participando já em 1976 na refundação do Partido da Democracia Cristã. No início dos anos 90, surge à frente do Núcleo de Estudos Oliveira Salazar e em 1995 parte da sua iniciativa a criação da Aliança Nacional, organização sedeada nas instalações da editora Nova Arrancada. Através desta plataforma, Cruz Rodrigues propôs-se reanimar alguns dos antigos projectos partidários na área católica-tradicionalista do pós-25 de Abril. A convergência de interesses com a linha saudosista levará os principais nomes da geração pós-industrial a aderir à Aliança Nacional.

A tentativa de criar um partido político a partir da Aliança Nacional conhece dois capítulos distintos. Numa primeira fase, entre 1997 e 1998, os seus dirigentes procuram reunir o limite de assinaturas legalmente imposto para a constituição de uma força política de raiz. O fracasso das primeiras iniciativas levou os responsáveis da Aliança Nacional a estabelecerem contactos e a procurarem unir esforços com grupos nacionalistas radicados no Norte do país. As diligências movidas revelaram-se novamente infrutíferas e, face à manifesta incapacidade de erguer um novo partido pela via institucional, os responsáveis da Aliança Nacional traçaram em 1999 uma estratégia alternativa. Contornando as exigências legais à constituição de partidos, esta estratégia consistiu na tomada de uma força política existente o Partido Renovador Democrático através da inserção de quadros da Aliança Nacional nos seus órgãos directivos e de uma ulterior conversão estatutária.

Criado em 1985 sob o patrocínio do presidente da República Ramalho Eanes, o PRD colheu algum sucesso na sua fase inicial e desempenhou mesmo um papel determinante na obtenção da primeira maioria absoluta do PSD, nas eleições legislativas de 1987. Com a década de 90 chegaria um período de declínio continuado, que conduziu o partido a um estado vegetativo aquando das primeiras abordagens da Aliança Nacional. Nesta fase, a liderança do PRD estava nas mãos de Manuel Vargas Loureiro, cujo isolamento espelhava o próprio estado de decomposição em que o partido se encontrava. As conversações com Vargas Loureiro tiveram lugar na sede da Nova Arrancada e a condução do processo pertenceu desde início a José Luís Paulo Henriques, director executivo da editora e antigo rosto máximo do Movimento de Acção Nacional. Defensor de uma aproximação ao Partido da Democracia Cristã, Cruz Rodrigues permaneceu à margem dos contactos preliminares.

Não deixando de suscitar pontuais resistências entre militantes do PRD, o processo seria concretizado na Convenção Nacional do partido, a 13 de Novembro de 1999. Em função do papel da Aliança Nacional enquanto base logística das negociações e sobretudo devido ao seu estatuto político, a liderança foi entregue a Cruz Rodrigues. A composição da nova estrutura correspondeu, de resto, a uma quase transposição dos órgãos directivos da Aliança Nacional e nela seria já visível a presença dominante da facção soberanista e europeísta. A nova face do partido seria formalizada a 12 de Abril de 2000, com a aprovação do requerimento interposto ao Tribunal Constitucional para alteração dos estatutos, nome e símbolo. Concluído o processo, foi igualmente anunciado pela nova direcção o objectivo de colocar o agora Partido Nacional Renovador nos boletins de voto, concretizando assim as aspirações da direita nacionalista portuguesa e preenchendo um espaço órfão de representação partidária em Portugal.

Na sua primeira contenda eleitoral as eleições autárquicas de 2001 o PNR apresentou-se apenas nos concelhos de Lisboa e Mafra, onde obteve um total de 877 votos. A este resultado não foram alheios factores como a pesada herança financeira herdada do PRD e sobretudo o quadro de relativo anonimato em que o partido concorreu a este acto eleitoral. Não obstante ter despertado algumas reacções negativas em forças políticas de esquerda, o PNR foi nos primeiros anos uma formação manifestamente desconhecida para uma larga maioria da sociedade portuguesa. Por outro lado, uma vez alcançado o objectivo que unira os vários sectores da direita radical na segunda metade da década de 90, a convivência entre as correntes fundadoras do partido entrou inevitavelmente numa nova etapa, de cuja definição dependiam as ambições e o próprio posicionamento do PNR na democracia portuguesa.

A clivagem geracional e as divergências de ordem estratégica entre estas duas linhas adquiriram novos contornos na 1.ª Convenção Nacional do PNR, em Janeiro de 2002, ano em que a sede do partido deixou simbolicamente as instalações da Nova Arrancada e se transferiu para a Rua da Prata, no coração da cidade de Lisboa. Em vésperas da primeira participação do PNR em eleições legislativas, em que o partido recolheu 4712 votos5, a Convenção de 2002 trouxe para a presidência da Comissão Directiva Paulo Rodrigues. A presença na sua direcção de militantes próximos de Cruz Rodrigues prometia suavizar as diferenças entre as duas sensibilidades dominantes. Contudo, o encontro acabaria por ser controverso e a constituição de uma lista de última hora encabeçada por Cruz Rodrigues acabou por ditar o seu afastamento dos órgãos do PNR. Nos anos posteriores, as relações entre o antigo rosto máximo da Aliança Nacional e o partido deterioraram-se de forma irreversível, com consequências, inclusivamente, ao nível judicial.

O afastamento definitivo da ala salazarista e o apagamento dos últimos vestígios do paradigma nacionalista tradicional seriam consumados em 2005, na sequência da 2.ª Convenção Nacional do PNR e da eleição de José Pinto-Coelho para a liderança do partido. Com um percurso intermitente, Pinto-Coelho iniciou a sua actividade política nas fileiras do Movimento Nacionalista, em 1980, colaborando em diferentes manifestações da direita radical portuguesa nesse período, entre elas o Movimento Independente para a Reconstrução Nacional e a Ordem Nova. Em 1997, adere à Aliança Nacional para três anos mais tarde participar na fundação do PNR. A sua chegada à liderança do partido, em 2005, irá marcar uma ruptura no estilo de liderança e nas opções estratégicas das anteriores direcções, em linha com as transformações operadas nas últimas décadas pelos seus principais congéneres europeus. Estas mudanças tiveram repercussões a nível interno, particularmente através de uma reestruturação profunda dos quadros directivos do PNR, mas foi sobretudo para o exterior que as novas orientações se direccionaram.



Da rua da Prata ao Marquês de Pombal

Muito embora as ligações com movimentos europeus sejam anteriores ao nascimento do partido, com a entrada do PNR no mapa político os seus dirigentes esboçaram também os primeiros contactos institucionais além-fronteiras. Procurando obter desde cedo o reconhecimento de outros partidos de extrema-direita e a cobertura de organizações transnacionais, o partido alinhou em plataformas interpartidárias, entre as quais a Frente Nacional Europeia. No entanto, foi sobretudo no plano bilateral, ou através de redes informais de militantes, que os primeiros contactos foram encetados.

Entre as ligações estabelecidas pelo PNR, a Front National francesa constituiu desde cedo um parceiro privilegiado. Da formação de Jean-Marie Le Pen, os novos rostos da extrema-direita em Portugal receberam a inspiração para a sua insígnia, bem como um conjunto de rituais ensaiados ao longo de duas décadas de acção política. Foi também com base no exemplo da direita radical francesa que a partir de 2005 o PNR redefiniu a sua orientação estratégica. Estimulada pelo resultado das eleições legislativas desse ano, em que o partido registou um acréscimo substancial face ao resultado de 2002, obtendo 9374 votos6, a nova Comissão Directiva inaugurou uma campanha pública destinada a colocar o PNR na agenda mediática. Caracterizada por um hiperactivismo comunicacional (Zúquete, 2007), uma forte dinâmica organizativa e um tom deliberadamente provocatório, esta campanha proporcionou à direita radical portuguesa um período de excepcional projecção entre 2005 e 2007.



Do Atlântico aos Urais

Embora em sintonia estratégica com o partido, as primeiras iniciativas com relevo nos órgãos de comunicação partiram de movimentos políticos de extrema-direita, em particular a Frente Nacional, organização criada em 2005. Reproduzindo uma iniciativa semelhante da Frente Nacional Europeia, a direita radical portuguesa saiu pela primeira vez às ruas de Lisboa em Fevereiro de 2005, num desfile contra uma eventual adesão da Turquia à União Europeia. Esta posição, aparentemente contraditória com a hostilidade demonstrada pelos nacionalistas portugueses em relação à proposta de integração representada pela União Europeia e o seu alegado pendor federalista, reflectiu não apenas a crescente ligação ao tecido associativo europeu, mas sobretudo uma concepção pan-europeísta, profundamente enraizada na cultura política da extrema-direita pós-industrial.

Em contraste com os anos da Guerra Fria, em que a sombra do comunismo levou a um alinhamento pró-americano por parte das direitas radicais europeias, o nacionalismo contemporâneo recuperou o mito de uma Europa do Atlântico aos Urais. Esta Europa, entendida como uma aliança de nações integralmente soberanas, assenta fundamentalmente no reconhecimento de uma herança civilizacional comum e numa matriz de valores ocidental. Assim, embora rejeitando a integração política do país em estruturas supranacionais ou quaisquer formas de governação que colidam com o primado da inviolabilidade da soberania (Partido Nacional Renovador, 2005), a nova extrema-direita no velho continente, incluindo os seus interlocutores em Portugal, não deixou de se posicionar no debate sobre as fronteiras da Europa, reclamando a existência de um espaço identitário de natureza etnocultural.

A distinção entre uma Europa cultural e uma Europa institucional é igualmente visível na doutrina económica do partido. Apesar de as questões relacionadas com o funcionamento do mercado e com o papel do Estado na economia ocuparem uma posição relativamente secundária no seu programa, o PNR apresenta uma visão soberanista sobre a integração económica no espaço europeu. De acordo com esta linha, o partido opõem-se à adopção da moeda única e a formas de integração tendentes à unificação de mercados, contrastando assim com os princípios inscritos no Tratado de Maastricht. Ao invés, o PNR defende a necessidade de intensificar as relações comerciais com os povos europeus, através de prerrogativas como a abolição de barreiras alfandegárias, sem colidir com o princípio da soberania das nações.



Nas fronteiras do sistema

A manifestação contra a adesão da Turquia ao bloco europeu, sem particular relevo no plano doméstico, visou fundamentalmente enviar um sinal de vitalidade aos seus parceiros europeus. Desde então, as forças vivas da direita radical portuguesa apontaram baterias à agenda política nacional. Coincidindo com um protesto convocado por forças policiais em Junho de 2005, a extrema-direita irrompeu novamente nos palcos mediáticos através de uma manifestação contra a criminalidade. A necessidade de reforço dos meios de repressão e a dignificação da classe profissional dos polícias fizeram os títulos na imprensa, mas o discurso securitário e autoritarista expôs um outro elemento transversal da nova linhagem europeia de extrema-direita. Inicialmente no discurso dos seus dirigentes e, mais tarde, no próprio programa oficial do PNR, o partido procurou afirmar o primado da segurança sobre a liberdade, através de uma retórica populista contra o sistema político e contra os próprios fundamentos da democracia participativa.

O conceito de partido anti-sistema descreve as forças políticas que não partilham os valores fundamentais da ordem política na qual se inserem regime democrático posicionando-se nas suas fronteiras e procurando minar a sua legitimidade (Sartori, 1976). A rejeição dos valores, procedimentos e instituições fundamentais da democracia constitucional, frequentemente acompanhada por uma narrativa de cariz populista, tem sido apontada como um pilar estruturante da matriz doutrinária das principais manifestações da extrema-direita pós-industrial (Betz, 1994; Ignazi, 2003; Carter, 2005; Ivarsflaten, 2005).

Embora as contingências do xadrez democrático e o risco de estigmatização levem frequentemente o PNR a camuflar uma cultura política anti-liberal, o partido concebe o sistema como uma entidade omnipresente na vida política (Zúquete, 2007). Uma entidade composta por uma suposta elite cultural de esquerda, pela comunicação social e sobretudo pelos partidos da esfera parlamentar (Marchi, 2010). Através de uma retórica populista e maniqueísta, estas forças são descritas como o produto de uma dinâmica gerada pela globalização, que promove o multiculturalismo e o capitalismo, eliminando a especificidade das nações soberanas. Ao atingir as raízes do sistema partidário e do próprio regime democrático, o discurso do PNR procura assim explorar a insatisfação crescente do eleitorado português face à qualidade da democracia, potenciando, em particular, uma imagem muito negativa deste sobre a classe política (Freire, 2003b; Magalhães, 2005).

Esta relação sinuosa com o regime democrático é igualmente visível no seu discurso anti-abrilista. Nos textos emanados do partido, o diagnóstico negativo da situação do país é atribuído a três décadas de corrupção praticada por uma classe política inepta e irresponsável (Partido Nacional Renovador, 2008). Por outro lado, embora os documentos oficiais não contenham interpretações nostálgicas ou saudosistas do Estado Novo, os depoimentos públicos dos seus dirigentes contrariam muitas vezes a posição oficial, assumindo um tom revanchista e enaltecendo os méritos do regime salazarista (Marchi, 2010).



Um novo paradigma nacionalista

O PNR associou-se às primeiras demonstrações públicas organizadas pela Frente Nacional em 2005, mas só a partir de Setembro desse ano viria a assumir o papel de agente polarizador do activismo de extrema-direita em Portugal. A sua primeira iniciativa pública passou pela convocação de uma manifestação contra a adopção de crianças por casais homossexuais, a pedofilia e aquilo que designou por lobby gay. Com este evento, o partido procurou de forma explícita difundir uma marca tradicionalista, exaltando a importância da família nuclear enquanto célula básica da comunidade, na formação de uma sucessão de gerações ligadas hereditariamente (Partido Nacional Renovador, 2008) e no equilíbrio demográfico da nação.

A sucessão de eventos públicos com a chancela do PNR estendeu-se até Maio de 2006, data de uma acção de protesto em Vila de Rei contra um projecto autárquico destinado à fixação de imigrantes. Em Janeiro do mesmo ano, uma outra concentração havia evocado a memória de emigrantes portugueses assassinados na África do Sul, com recurso à colocação de mais de três centenas de cruzes na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa. Esta acção procurou recriar o efeito estético das demonstrações convocadas pela extrema-direita alemã para assinalar o bombardeamento da cidade de Dresden durante a Segunda Guerra Mundial. Já em Abril de 2007, a campanha do PNR conheceu o seu ponto alto com a colocação de um cartaz contra a imigração na Praça do Marquês de Pombal que, inspirado por um polémico cartaz do Schweizerische Volkspartei-Union na Suíça, arremessou definitivamente o partido para os holofotes mediáticos.

Os modelos utilizados, incluindo o protagonismo atribuído a José Pinto-Coelho enquanto rosto máximo do partido (Zúquete, 2007; Marchi, 2010), expuseram uma vez mais a ligação entre os nacionalistas portugueses e as principais forças de extrema-direita no velho continente. A mensagem empunhou o grande estandarte político do PNR e dos movimentos políticos na sua órbita. A par de uma vocação pan-europeísta e de uma postura anti-sistema, a exaltação de uma comunidade nacional étnica e culturalmente homogénea, assim como a orientação exclusivista que lhe está implícita, constituem o elemento nuclear da matriz ideológica do partido e da nova direita radical portuguesa.

Na Europa Ocidental, as concepções exclusivistas têm sofrido mutações ao longo da história, sendo possível distinguir três paradigmas de referência. Uma primeira concepção menos restritiva deriva do jacobinismo francês, ao estabelecer como critério de pertença a assimilação cultural do elemento exterior à comunidade. O modelo jacobino está hoje profundamente enraizado no discurso da Front National, que imputa aos imigrantes, sobretudo os de origem árabe, uma incapacidade ou recusa em assimilarem os elementos distintivos da matriz cultural francesa. Um segundo modelo emerge da tradição política alemã, em que a cidadania emana fundamentalmente da descendência e do vínculo sanguíneo. Este modelo é passível de sustentar uma retórica anti-imigração com base em critérios xenófobos e racistas, muito embora o legado do nazismo constitua no presente um estigma fortíssimo à legitimação de políticas exclusivistas. Uma terceira concepção exclusivista é inspirada no modelo britânico, em que o mosaico nacional do seu império colonial deslegitimou historicamente a construção de um discurso exclusivista e favoreceu a consolidação de uma sociedade multinacional e multicultural (Eatwell, 2003).

À semelhança do paradigma britânico, também o nacionalismo português tradicional foi fundado em concepções multirraciais, intimamente associadas à defesa do espaço imperial e das possessões coloniais africanas (Pinto, 1994). Porém, com a descolonização e a derrocada dos alicerces doutrinários do nacionalismo universalista, os novos actores da direita radical portuguesa foram progressivamente abraçando as correntes exclusivistas que sopravam da Europa e amadurecendo um nacionalismo de base etnocêntrica. Assim, embora a sua linguagem resvale muitas vezes para um registo xenófobo e mesmo racialista, os fundamentos do novo paradigma nacionalista são sobretudo de natureza étnica. A nação é concebida não apenas como uma entidade cívica e territorial, cujos membros estão sujeitos a um mesmo conjunto de leis e instituições, mas sobretudo enquanto comunidade herdeira de um legado cultural formado no decorrer da história, que prevalece sobre o indivíduo e lhe é transmitido por via da descendência. O partido aspira assim à sobreposição entre etnia, enquanto unidade cultural, e Estado, enquanto unidade política, através de políticas activas de homogeneização étnica, nomeadamente a repatriação de imigrantes, a restrição do direito de asilo ou a supressão do reagrupamento familiar.

Com base nestes pressupostos, o PNR opõem-se igualmente à Lei da Nacionalidade em vigor desde 2006, que reforçou a aquisição da nacionalidade portuguesa por via do direito de terra jus soli em paralelo com o direito de sangue jus sanguinis. Ao mesmo tempo, o partido procura legitimar a ideia de uma competição injusta entre os membros da comunidade e as minorias étnicas no acesso ao mercado de trabalho, conotando as últimas com fenómenos como a delinquência ou a criminalidade. Neste particular, as comunidades provenientes de países africanos de expressão portuguesa, maioritariamente fixadas na área metropolitana de Lisboa, têm sido o alvo preferencial de ataque no discurso anti-imigração do PNR.



Radicalização e desmobilização

Além de uma crescente afinidade com os seus congéneres europeus, a campanha mediática do PNR deixou também a descoberto uma ligação estreita com o universo associativo da extrema-direita, assim como uma forte cumplicidade com o movimento skinhead em Portugal. O activismo skinhead em Portugal tem raízes na segunda metade dos anos 80 e, como ilustrado no passado pelo Movimento de Acção Nacional, evidenciou sempre algum antagonismo em relação a estruturas políticas organizadas e uma maior propensão para organizações secretas de base supranacional. Em 1995, à medida que as ligações entre claques de futebol e grupos neonazis se estreitavam, um episódio de violência largamente documentado nos órgãos de comunicação levaria à morte de Alcino Monteiro, cidadão português de origem cabo-verdiana. Do mesmo episódio, resultaria ainda a condenação de um grupo de skinheads, entre os quais se contava Mário Machado, o mais influente activista de extrema-direita em Portugal. Nesse período, foram também intensificados os contactos além-fronteiras, que levariam à criação da célula portuguesa da Irmandade Ariana, em meados da década de 90, e culminariam anos mais tarde com o nascimento da secção portuguesa da Hammerskin Nation uma das mais representativas congregações internacionais e da Frente Nacional (Salas, 2007).

Este processo, decisivo para a mobilização da extrema-direita portuguesa entre 2005 e 2007, contou ainda com apoio de novos métodos de comunicação e difusão. A internet revestiu-se de uma importância capital, ao permitir a importação de estratégias utilizadas noutros países e o contacto entre bolsas de militantes territorialmente dispersas. O sítio de divulgação Fórum Nacional, lançado em Abril de 2004, tornou-se neste período o mais importante veículo de comunicação para a direita radical portuguesa. Em paralelo com a Frente Nacional, este espaço constituiu uma autêntica agência de mobilização para acções de campanha incluindo as iniciativas do próprio PNR eventos culturais e encontros com a presença de figuras de referência no panorama internacional. Contudo, ao contrário de Espanha, onde a actividade dos grupos mais radicais se tem vindo a subordinar às orientações dos partidos de extrema-direita, o caso português denotou uma aparente ausência de controlo da estrutura partidária sobre os núcleos skinhead (Salas, 2007). Esta situação foi ilustrada de forma particularmente simbólica pelas dificuldades de implantação da Juventude Nacionalista, secção juvenil do PNR.

A Juventude Nacionalista nasceu de um compromisso de José Pinto-Coelho aquando da sua eleição para a liderança do partido em 2005, com o objectivo de enquadrar a militância juvenil numa estrutura tutelada pela Comissão Directiva. À semelhança de outras juventudes partidárias em Portugal, a criação do sector juvenil do PNR visou sobretudo cumprir um papel de mobilização e reproduzir a mensagem do partido para as camadas mais jovens da sociedade. Actuando enquanto plataforma de recrutamento e propaganda, o seu dispositivo foi sobretudo vocacionado para escolas secundárias e universidades. No entanto, a função aglutinadora que a Juventude Nacionalista procurou desempenhar foi desde cedo eclipsada pela hegemonia que a Frente Nacional já detinha sobre os fenómenos de militância juvenil. Ao mesmo tempo, consciente de que só a capacidade mobilizadora dos grupos skinhead poderia emprestar aos desfiles do partido uma dimensão capaz de atrair as atenções da imprensa, o PNR delegou de uma forma tácita o papel de agente dinamizador na Frente Nacional e acomodou-se ao estatuto de braço político da mesma. Cultivando esta relação de complementaridade, o partido contribuiu assim para a afirmação da Frente Nacional e o esvaziamento funcional da sua própria organização de juventude.

Por outro lado, ao acolher nas suas fileiras e lançar nos seus cortejos os grupos mais radicais, o PNR procurou manifestamente explorar o apetite da comunicação social pelos comportamentos dos seus jovens activistas, portadores de uma coreografia inspirada nas ideologias fascista e nacional-socialista. Estes comportamentos, além de afastarem sectores nacionalistas mais moderados, acabariam por ser imputados ao próprio partido e torná-lo objecto de uma cobertura hostil e alarmista por parte da comunicação social, que secundarizou a sua mensagem política e corroeu as suas credenciais democráticas.

Considerada pelas autoridades judiciais como uma ameaça à segurança interna, a actividade dos grupos mais radicais tornou-se objecto de investigações a partir de 2004. Desde essa data, o processo adquiriu uma grande magnitude e mobilizou diferentes órgãos de polícia criminal. Na sua fase final, em Abril de 2007, as diligências movidas pelas autoridades incluíram rusgas domiciliárias e buscas à própria sede do partido, produzindo um significativo número de acusações e detenções. Em paralelo com o efeito de deslegitimação gerado por uma cobertura mediática adversa, estas diligências deixaram sequelas profundas para o PNR. Por um lado, as baixas provocadas nas fileiras do movimento Skinhead pela detenção de influentes activistas reduziram substancialmente a sua capacidade de mobilização, atestando uma vez mais a importância da Frente Nacional na escalada mediática do partido. Por outro, as acções levadas a cabo pela Polícia Judiciária contribuíram fortemente para a inibição de importantes quadros da sua já escassa base militante, comprometendo de modo irreversível a dinâmica organizativa do PNR.



O PNR na democracia portuguesa

Apresentado na Convenção Nacional de 2005 e inscrito na Moção de Estratégica da Comissão Política Nacional Continuar para Servir Portugal o Objectivo 2009 foi o desígnio estratégico que orientou toda a acção política do PNR, apostado em conquistar representação parlamentar num horizonte temporal equivalente ao período de uma legislatura. Com esta estratégia, a direcção do partido pretendeu seguir uma vez mais o exemplo de outros partidos nacionalistas na Europa Ocidental, cujo exercício da representação política abriu caminho à legitimação, institucionalização e consolidação nos sistemas partidários.

Desde a conversão estatutária do PRD, que permitiu à direita nacionalista portuguesa recolocar-se no espectro partidário, o seu comportamento eleitoral foi testado em eleições autárquicas, legislativas e em eleições europeias. Não obstante uma ligeira tendência de crescimento, quer em termos do número de votos, quer ao nível da sua implantação territorial, o PNR permaneceu confinado a um nicho eleitoral restrito e as suas votações foram residuais. Neste aspecto, o desempenho do partido ficou assim aquém da dinâmica conseguida por outras forças de extrema-direita e longe do protagonismo conseguido pelos seus congéneres em países como França, Itália, Bélgica, Holanda ou Áustria.

A exposição mediática e as investigações judiciais movidas à actividade da extrema-direita portuguesa tiveram um impacto inegável na desmobilização do partido. Porém, se a redefinição estratégica do PNR a partir de 2007 se deveu sobretudo a factores de ordem conjuntural, a sua afirmação no plano eleitoral e mesmo a sua penetração no sistema parlamentar estiveram desde sempre condicionadas por um conjunto de obstáculos de natureza estrutural. A segregação política da direita radical portuguesa, em geral, e o insucesso eleitoral do PNR, em particular, são hoje ditados essencialmente por factores de ordem institucional, cultural e histórica. Estes factores diferenciam o caso português de outras democracias europeias e tornam improvável a erupção de uma força nacional-populista à direita do arco parlamentar.



Desempenho eleitoral do PNR entre 2000 e 2009



A natureza dos sistemas eleitorais tem sido apontada na literatura científica como uma condicionante institucional ao crescimento e consolidação da nova linhagem europeia de extrema-direita (Kitschelt, 1997; Eatwell, 2003; Ignazi, 2003). Os sistemas proporcionais com limiares de representação baixos tendem a favorecer os partidos com menor expressão eleitoral e, nesse sentido, oferecem aos partidos da direita radical maiores possibilidades de incursão nos sistemas parlamentares. Este factor foi determinante para a afirmação da direita radical em alguns países do velho continente, em particular no caso francês. Para a Front National, o exercício da representação política foi em larga medida possibilitado pelo recurso a limiares de representação parlamentar excepcionalmente baixos. Em Portugal, apesar da vigência do sistema de representação proporcional, o método de conversão de votos em mandatos o método dHondt é, entre aqueles utilizados nas democracias ocidentais, um dos menos permissivos à infiltração de pequenos partidos. Nesse sentido, apenas uma escalada eleitoral sem paralelo no repertório da extrema-direita poderia levar o PNR ao Parlamento português (Zúquete, 2007).

No que respeita a factores de génese cultural, os níveis de satisfação dos eleitores face à qualidade das democracias têm estado intimamente relacionados com a pujança das forças anti-sistema na Europa Ocidental (Knigge, 1998; Eatwell, 2003; Ignazi, 2003). No caso português, os estudos conduzidos nos últimos anos indicam que os níveis de satisfação face ao desempenho da democracia e das suas instituições mais emblemáticas apresentam uma tendência decrescente. Entre os países da União Europeia, Portugal experimentou mesmo o mais pronunciado declínio desde a década de 80. Estes valores denunciam uma atitude de alienação dos eleitores e também um elevado distanciamento entre os cidadãos e o poder político (Freire, 2003b; Magalhães 2005), que poderia ser favorável ao crescimento de um partido de extrema-direita. Porém, não obstante os sinais de descontentamento em relação à qualidade da democracia, a adesão dos eleitores aos seus princípios básicos e ao exercício do voto, enquanto instrumento de legitimação do regime, registam níveis invariavelmente elevados em Portugal. Simultaneamente, a oposição ao sistema democrático apresenta uma expressão residual no caso português, tendo sobretudo por base a defesa de mecanismos de participação menos elitistas, em detrimento de formas de governação autoritária (Freire, 2003b; Magalhães, 2005).

Sinal idêntico é oferecido pela tendência da abstenção nas últimas décadas. Ao contrário dos anos da transição, marcados por uma fortíssima mobilização cívica, os baixos níveis de participação verificados na actualidade sugerem que as atitudes de protesto tendem, na democracia portuguesa, a ser canalizadas para mecanismos de participação política extra-eleitoral, menos institucionalizados e mediados pelos partidos (Freire, 2003b). Quando convertidas no voto, estas atitudes incidem preferencialmente sobre eleições de segunda ordem, cujo desfecho tem um impacto menor no funcionamento dos sistemas políticos, o que tende a resfriar o voto útil e a favorecer o desempenho dos pequenos partidos. Na Europa Ocidental, a descolagem da extrema-direita a partir do final da década de 70 aconteceu sobretudo em eleições de segunda ordem, designadamente eleições locais e eleições para o Parlamento europeu. Nas últimas legislaturas, um número crescente de forças nacionalistas animou os trabalhos deste órgão, que ofereceu um palco privilegiado para a sua afirmação política e também um laboratório para as suas experiências de agregação.

No caso da direita radical portuguesa, a dinâmica do PNR em eleições de segunda ordem não tem sofrido oscilações significativas. Dado o reduzido número de concelhos em que o partido figurou nos boletins de voto em eleições autárquicas, esta conclusão emerge fundamentalmente do seu resultado nas eleições europeias de 2004 e sobretudo de 2009, ano em que as europeias precederam as eleições para a Assembleia da República. Contrariando as elevadas expectativas depositadas pelos seus dirigentes neste acto eleitoral (Marchi, 2010), a prestação europeia do PNR em 2009 não se diferenciou substancialmente do registo obtido nas eleições legislativas do mesmo ano. Além disso, a sua votação nas europeias beneficiou ainda do sistema do círculo nacional único, enquanto em termos nacionais o PNR não apresentou listas em todos os círculos. Nesse sentido, e à semelhança de outros partidos com menor expressão, o PNR parece assim não ter captado o voto de protesto do eleitorado português.

Por fim, além dos obstáculos de natureza institucional e cultural, a marginalização do PNR é também determinada por inibidores históricos. Convertido em norma constitucional desde 1976 e concretizado dois anos mais tarde na lei relativa a organizações fascistas, o repúdio social pelo nacionalismo de extrema-direita incorporou desde cedo os fundamentos do actual regime, conferindo-lhe uma natureza defensiva. Esta estigmatização embargou qualquer movimento saudosista do anterior regime e deixou as diferentes manifestações da direita radical portuguesa a operar num quadro legal extremamente adverso. Mais de três décadas volvidas sobre a queda do Estado Novo, o peso do passado salazarista na memória colectiva continua assim a sujeitar o PNR a um escrutínio permanente sobre as suas credenciais democráticas. Ao contrário de outros partidos exclusivistas na Europa, que beneficiam de contextos menos restritivos, o partido é recorrentemente confrontado com o espectro da ilegalidade, que oferece múltiplas condicionantes à sua intervenção política. No caso português, este enquadramento continua a sobrepor-se à influência que factores como o aumento da imigração ou o cenário de crise económica poderiam exercer na emergência de um partido nacional-populista (Jalali, 2007; Zúquete, 2007) e é susceptível de perpetuar a marginalização da extrema-direita.



Conclusão

A infiltração em Portugal das correntes doutrinárias que na década de 80 estremeceram os alicerces das direitas europeias, implicou mudanças profundas para a extrema-direita portuguesa. Partindo de um discurso racialista e de estruturas associativas incipientes, os seus novos intérpretes foram consolidando uma identidade soberanista e uma consciência europeísta. Com a viragem do século, a geração pós-industrial uniu esforços com outras sensibilidades para recolocar a direita radical no espectro partidário através do Partido Nacional Renovador. Fruto de uma débil situação financeira, e sobretudo de recalcadas divisões entre as duas correntes dominantes, os primeiros anos revelaram uma dinâmica organizativa escassa. Com o gradual afastamento da ala salazarista e a intensificação dos contactos com as principais manifestações da nova família de extrema-direita no velho continente, o partido consolidou as feições etnocêntricas e aguçou uma retórica populista. Ao mesmo tempo, inspirada pela Front National de Jean-Marie Le Pen, a direcção de José Pinto-Coelho adoptou uma estratégia de comunicação que visou a inserção do PNR nos palcos mediáticos, como plataforma para a sua afirmação na frente eleitoral. Porém, se a exposição pública permitiu ao partido sair do anonimato e adquirir uma visibilidade nunca antes conseguida por uma força nacionalista, a proximidade aos grupos mais radicais acabou por produzir um efeito de deslegitimação e determinar a estagnação da sua actividade política. Por outro lado, a projecção alcançada pela direita radical entre 2005 e 2007 acabou por não alterar a dinâmica eleitoral do PNR e a sua própria dimensão enquanto partido. À semelhança das primeiras forças nacionalistas nos anos da transição, o PNR permaneceu assim confinado a uma posição marginal na democracia portuguesa.

Thursday, July 4, 2013

Foreigners vote in local elections

As spring slides into summer many have not stopped to think about what lies ahead this autumn. However, Portugal’s local elections (autárquicas) will be taking place in October across the country and it may not be known by the majority of foreigners that they may have a right to vote.

According to information provided by afpop, the largest foreigners association in the country, European Union citizens, as well as individuals from Portuguese-speaking countries, who have been in the possession of a residence card (Cartão de Residência) for two years and live in Portugal, are eligible to vote and may register at their local parish council.

Citizens from Argentina, Israel, Norway, Peru and Uruguay are also allowed to vote, as long as they hold the necessary documents and have lived in Portugal for at least three years.

To register, foreigners must visit their local parish council up to 60 days before the elections take place.  EU citizens are asked to take their valid residence card and passport (required at some offices) and request to be placed on the Electoral Register. The staff in the parish council will fill out the form and ask the soon-to-be voters to return when the voter’s card (Cartão de Eleitor) is ready.

If a transfer from another town is needed, then the foreigner’s previous voter’s card or electoral number will be required, as well as the name of the constituency. Then, a registration or transfer form will have to be filled in.

Foreigners will be entitled to their voter’s card, which contains the name, voter’s number and constituency of its owner if all is done correctly.

The power of the expatriate vote, especially in a region like the Algarve with such a vast foreign community, has only recently begun to be taken into account. However, recent local elections have seen councils acknowledge their importance and have started nominating foreign representatives to attract their vote and encourage them to participate.

The Algarve Resident will be updating readers about the various candidates running for mayoral positions in both municipal authorities (Câmaras Municipais) and its parishes (Juntas de Freguesia). This week we introduce you to the PSD candidate campaigning for the post of president of Almancil parish council. 
http://www.algarveresident.com/0-53480/algarve/foreigners-vote-in-local-elections

Saturday, June 22, 2013

NACIONALIZAÇÕES À VISTA

“Nacionalizações à vista”
Para grandes problemas, grandes soluções.
O Governo tem já no curriculum vitae, dois Orçamentos de Estado chumbados, estamos no decorrer do mês de Junho, e as alterações ao Orçamento Retificativo ainda não forma elaboradas e muito menos discutidas no Parlamento; daí que o Governo possa negar-se a efetuar o pagamento dos subsídios de férias à Função Pública, dando-lhe jeito que se protele o Orçamento de Estado definitivo, porque assim não tem compromissos políticos em falta, e a margem de incerteza económica é de tal maneira grave, que penso até que exista uma espécie de acordo secreto para a manutenção do status quo, envolvendo o PCP e o BE, pactuado com os Partidos Políticos no Governo e com os socialistas, para que a indefinição orçamental se mantenha, no sentido que seja viável e possível o 2.º resgate a Portugal.
Queria cortar caminho nas razões pelas quais as nacionalizações virão a grande velocidade para o tabuleiro político, que já se sabem sobremaneira. Por um lado o caso BPN, foi um exemplo de uma nacionalização feita á liberal “entalado”, que compra um passivo financeiro gigante e depois vende a qualquer preço, sendo que esse diferencial entre o que o Estado perdeu na compra do Banco e o que encaixou com a venda, foi o início do Titanic.
Ao que parece, e já estou receosa que seja a esquerda populista e mais a dita radical, a executar a “salvação nacional”, dado que ainda temos empresas coim participações estatais que são diamantes. Nomeadamente os 11% do estado na REN (Rede Elétrica Nacional), que o Governo PSD com olhar guloso pensa já em dispersar essa mesma participação pública. No entanto, várias questões se colocam nas secretárias do Poder : a descida de juros provoca uma subida do preço alvo por ação na ordem de uma valorização de 20,3%. Ora, a REN tem uma carteira de ações na Bolsa de Valores de 5,2% que representa um número aproximado de 80 milhões de euros ( logo se 5% estão para 80 milhões €, 100% estão para 16 mil milhões €), atrativo sem dúvida para qualquer Governo que se queira salvar do pesadelo e do afogamento do défice público; por outro lado, sendo a Rede Elétrica Nacional, fundamental para a independência e segurança nacional, e tendo previsto em Plano de Investimentos 3.200 mil milhões €, sendo que 900 milhões € estavam destinados à rede de transportes e armazenamento de Gás natural, ponto essencial de várias linhas políticas desenhadas na última década respeitantes a negociações bilaterais, a começar coma Espanha, e depois com os países do Magreb, alienar portanto a participação pública desenha-se uma possibilidade entre mãos, quer estejam incluídas as subsidiárias associadas à REN, como a atividade de exploração de minerais (Também de interesse estratégico), com as minas de ouro no Alto Alentejo, ou a Rede Ecológica Nacional, que recebe prioritariamente fundos europeus de relevância económica para o desenvolvimento sustentável. O negócio da alienação da participação do Estado na REN é bem possível que se concretize, mas é igualmente possível que logo a seguir se proceda à nacionalização da empresa. E é este o xadrez que pode salvar o Governo da agonia, mas muito sublimemente com o concordo da Oposição.


Tuesday, June 11, 2013

MADELEIN MCANN

[Image]
The following text is an unredacted version retrieved from Google cache, with redacted text in red identifying a former undercover police officer who worked with MI5. See other hosts of this via Google on "Henri Exton."
September 25, 2009
Mark Hollingsworth Investigates The McCann Files
Disillusioned with the Portuguese police, Gerry and Kate McCann turned to private detectives to find their missing daughter. Instead the efforts of the private eyes served only to scare off witnesses, waste funds and raise false hopes. Mark Hollingsworth investigates the investigators.
by Mark Hollingsworth
It was billed as a ‘significant development’ in the exhaustive search for Madeleine McCann. At a recent dramatic press conference in London, the lead private investigator David Edgar, a retired Cheshire detective inspector, brandished an E-FIT image of an Australian woman, described her as ‘a bit of a Victoria Beckham lookalike’, and appealed for help in tracing her. The woman was seen ‘looking agitated’ outside a restaurant in Barcelona three days after Madeleine’s disappearance. ‘It is a strong lead’, said Edgar, wearing a pin-stripe suit in front of a bank of cameras and microphones. ‘Madeleine could have been in Barcelona by that point. The fact the conversation took place near the marina could be significant.’
But within days reporters discovered that the private detectives had failed to make the most basic enquiries before announcing their potential breakthrough. Members of Edgar’s team who visited Barcelona had failed to speak to anyone working at the restaurant near where the agitated woman was seen that night, neglected to ask if the mystery woman had been filmed on CCTV cameras and knew nothing about the arrival of an Australian luxury yacht just after Madeleine vanished.
The apparent flaws in this latest development were another salutary lesson for Kate and Gerry McCann, who have relied on private investigators after the Portuguese police spent more time falsely suspecting the parents than searching for their daughter. For their relations with private detectives have been frustrating, unhappy and controversial ever since their daughter’s disappearance in May 2007.
The search has been overseen by the millionaire business Brian Kennedy, 49, who set up Madeleine’s Fund: Leaving No Stone Unturned, which aimed ‘to procure that Madeleine’s abduction is thoroughly investigated’. A straight-talking, tough, burly self-made entrepreneur and rugby fanatic, he grew up in a council flat near Tynecastle in Scotland and was brought up as a Jehovah’s Witness. He started his working life as a window cleaner and by 2007 had acquired a £350 million fortune from double-glazing and home-improvement ventures. Kennedy was outraged by the police insinuations against the McCanns and, though a stranger, worked tirelessly on their behalf. ‘His motivation was sincere,’ said someone who worked closely with him. ‘He was appalled by the Portuguese police, but he also had visions of flying in by helicopter to rescue Madeleine.’
Kennedy commissioned private detectives to conduct an investigation parallel to the one run by the Portuguese police. But his choice showed how dangerous it is when powerful and wealthy businessmen try to play detective. In September 2007, he hired Metodo 3, an agency based in Barcelona, on a six-month contract and paid it an estimated £50,000 a month. Metodo 3 was hired because of Spain’s ‘language and cultural connection’ with Portugal. ‘If we’d had big-booted Brits or, heaven forbid, Americans, we would have had doors slammed in our faces’ said Clarence Mitchell, spokesperson for the McCann’s at the time. ‘And it’s quite likely that we could have been charged with hindering the investigation as technically it’s illegal in Portugal to undertake a secondary investigation.
The agency had 35 investigators working on the case in Britain, France, Spain, Portugal and Morocco. A hotline was set up for the public to report sightings and suspicions, and the search focussed on Morocco. But the investigation was dogged by over-confidence and braggadocio. ‘We know who took Madeleine and hope she will be home by Christmas,’ boasted Metodo 3’s flamboyant boss Francisco Marco. But no Madeleine materialised and their contract was not renewed.
Until now, few details have emerged about the private investigation during those crucial early months, but an investigation by ES shows that key mistakes were made, which in turn made later enquiries far more challenging.
ES has spoken to several sources close to the private investigations that took place in the first year and discovered that:
* The involvement of Brian Kennedy and his son Patrick in the operation was counter-productive, notably when they were questioned by the local police for acting suspiciously while attempting a 24-hour ‘stake out’.
* The relationship between Metodo 3 and the Portuguese police had completely broken down.
* Key witnesses were questioned far too aggressively, so much so that some of them later refused to talk to the police.
* Many of the investigators had little experience of the required painstaking forensic detective work.
By April 2008, nearing the first anniversary of the disappearance, Kennedy and the McCanns were desperate. And so when Henri Exton, a formerundercover police officer who worked on MI5 operations, and Kevin Halligen, a smooth-talking Irishman who claimed to have worked for covert British government intelligence agency GCHQ, walked through the door, their timing was perfect. Their sales pitch was classic James Bond spook-talk: everything had to be ‘top secret’ and ‘on a need to know basis’. The operation would involve 24-hour alert systems, undercover units, satellite imagery and round-the-clock surveillance teams that would fly in at short notice. This sounded very exciting but, as one source close to the investigation told ES, it was also very expensive and ultimately unsuccessful. ‘The real job at hand was old-fashioned, tedious, forensic police work rather than these boy’s own, glory boy antic,’ he said.
But Kennedy was impressed by the license-to-spy presentation and Exton and Halligen were hire for a fee of £100,000 per month plus expenses. Ostensibly, the contract was with Halligen’s UK security company, Red Defence International Ltd, and an office was set up in Jermyn Street, in St James’s. Only a tiny group of employees did the painstaking investigative work of dealing with thousands of emails and phone calls. Instead, resources were channelled into undercover operations in paedophile rings and among gypsies throughout Europe, encouraged by Kennedy. A five-mansurveillance team was dispatched in Portugal, overseen by the experienced Exton, for six weeks.
Born in Belgium in 1951Exton had been a highly effective undercover officer for the Manchester police. A maverick and dynamic figure, he successfully infiltrated gangs of football hooligans in the 1980’s. While not popular among his colleagues, in 1991 he was seconded to work on MI5 undercover operations against drug dealers, gangsters and terrorists, and was later awarded the Queen’s Police Medal for ‘outstanding bravery’. By all accounts, the charismatic Exton was a dedicated officer. But in November 2002, the stress appeared to have overcome his judgement when he was arrested for shoplifting.
While working on an MI5 surveillanceExton was caught leaving a tax-free shopping area at Manchester airport with a bottle of perfume he had not paid for. The police were called and he was given the option of the offence being dealt with under caution or to face prosecution. He chose a police caution and so in effect admitted his guilt. Exton was sacked, but was furious about the way he had been treated and threatened to sue MI5. He later set up his own consulting company and moved to Bury in Lancashire.
While Exton, however flawed, was the genuine article as an investigator, Halligen was a very different character. Born in Dublin in 1961, he has been described as a ‘Walter Mitty figure’. He used false names to collect prospective clients at airports in order to preserve secrecy, and he called himself ‘Kevin’ or ‘Richard’ or ‘Patrick’ at different times to describe himself to business contacts. There appears to be no reason for all this subterfuge except that he thought this was what agents did. A conspiracy theorist and lover of the secret world, he is obsessed by surveillance gadgets and even installed a covert camera to spy on his own employees. He claimed to have worked for GCHQ, but in fact he was employed by the Atomic Energy Authority (AEA) as head of defence systems in the rather less glamorous field of new information technology, researching the use of ‘special batteries’. He told former colleagues and potential girlfriends that he used to work for MI5, MI6 and the CIA. He also claimed that he was nearly kidnapped by the IRA, was involved in the first Gulf War and had been a freefall parachutist.
Very little of this is true. What is true is that Halligen has a degree in electronics, worked on the fringes of the intelligence community while at AEA and does understand government communications. He could also be an astonishingly persuasive, engaging and charming individual. Strikingly self-confident and articulate, he could be generous and clubbable. ‘He was very good company but only when it suited him’ says one friend. He kept people in compartments.’
After leaving the AEA, Halligen set up Red Defence International Ltd as an international security and political risk company, advising clients on the risks involved in investing and doing business in unstable, war-torn and corrupt countries. He worked closely with political risk companies and was a persuasive advocate of IT security. In 2006, he struck gold when hired by Trafigura, the Dutch commodities trading company. Executives were imprisoned in the Ivory Coast after toxic waste was dumped in landfills near its biggest city Abidjan. Trafigura was blamed and hired Red Defence International at vast expense to help with the negotiations to release its executives. A Falcon business jet was rented for several months during the operation and it was Halligen’s first taste of the good life. The case only ended when Trafigura paid $197 million to the government of the Ivory Coast to secure the release of the prisoners.
Halligen made a fortune from Trafigura and was suddenly flying everywhere first-class, staying at the Lansborough and Stafford hotels in London and The Willard hotel in Washington DC for months at a time. In 2007 he set up Oakley International Group and registered at the offices of the prestigious law firm Patton Boggs, in Washington DC, as an international security company. He was now strutting the stage as a self-proclaimed international spy expert and joined the Special Forces Club in Knightsbridge, where he met Exton.
During the Madeleine investigation, Halligen spent vast amounts of time in the HeyJo bar in the basement of the Abracadabra Club near his Jermyn Street office. Armed with a clutch of unregistered mobile phones and a Blackberry, the bar was in effect his office. ‘He was there virtually the whole day,’ a former colleague told ES. ‘He had an amazing tolerance for alcohol and a prodigious memory and so occasionally he would have amazing bursts of intelligence, lucidity and insights. They were very rare but they did happen.’
When not imbibing in St James’s, Halligen was in the United States, trying to drum up investors for Oakley International. On 15 August 2008, at the height of the McCann investigation crisis, he persuaded Andre Hollis, a former US Drug enforcement agency official, to write out an $80,000 cheque to Oakley in return for a ten per cent share-holding. The money was then transferred into the private accounts of Halligen and his girlfriend Shirin Trachiotis to finance a holiday in Italy, according to Hollis. In a $6 million lawsuit filed in Fairfax County, Virginia, Hollis alleges that Halligen ‘received monies for Oakley’s services rendered and deposited the same into his personal accounts’ and ‘repeatedly and systematically depleted funds from Oakley’s bank accounts for inappropriate personal expenses’.
Hollis was not the only victim. Mark Aspinall, a respected lawyer who worked closely with Halligen, invested £500,000 in Oakley and lost the lot. Earlier this year he filed a lawsuit in Washington DC against Halligen claiming $1.4 million in damages. The finances of Oakley International are in chaos and numerous employees, specialist consultants and contractors have not been paid. Some of them now face financial ruin.
Meanwhile, Exton was running the surveillance teams in Portugal and often paying his operatives upfront, so would occasionally be out-of-pocket because Halligen had not transferred funds. Exton genuinely believed that progress was being made and substantial and credible reports on child trafficking were submitted. But by mid-August 2008, Kennedy and Gerry McCann were increasingly concerned by an absence of details of how the money was being spent. At one meeting, Halligen was asked how many men constituted a surveillance team and he produced a piece of paper on which he wrote ‘between one and ten’. But he then refused to say how many were working and how much they were being paid.
While Kennedy and Gerry McCann accepted that the mission was extremely difficult and some secrecy was necessary, Halligen was charging very high rates and expenses. And eyebrows were raised when all the money was paid to Oakley International, solely owned and managed by Halligen. One invoice, seen by ES, shows that for ‘accrued expenses to May 5, 2008’ (just one month into the contract), Oakley charged $74,155. The ‘point of contact’ was Halligen who provided a UK mobile telephone number.
While Kennedy was ready to accept Halligen at face value, Gerry McCann ­ sharp, focused and intelligent ­ was more sceptical. The contract with Oakley International and Halligen was terminated by the end of September 2008, after £500,000-plus expenses had been spent.
For the McCanns it was a bitter experience, Exton has returned to Cheshire and, like so many people, is owed money by Halligen. As for Halligen, he has gone into hiding, leaving a trail of debt and numerous former business associates and creditors looking for him. He was last seen in January of this year in Rome, drinking and spending prodigiously at the Hilton Cavalieri and Excelsior hotels. He is now believed by private investigators, who have been searching for him to serve papers on behalf of creditors, to be in the UK and watching his back. Meanwhile, in the eye of the storm, the McCanns continue the search for their lost daughter
TAL&QUAL, Lisbon weekly newspaper
Friday, 14 July 2000
Translated from the original Portuguese article by the author, Frederico Duarte

Coelho under surveillance

The European Parliament has chosen the Portuguese European Parliament Member MP Carlos Coelho to lead the investigation on "Echelon,", the worldwide eavesdropping system. The Portuguese is going to be the man that, for a year, will be under the most stringent surveillance of the world of espionage
The Portuguese European Parliament Member, Carlos Coelho, of PSD (Partido Social Democrata, Social-Democrat Party, member of the Christian Democrat group in the European Parlament-EP), newly-appointed president of the investigation committee of the EP that, starting in September, will investigate the Echelon spy system, will be the most watched man in the world during the next year.
"My telephones, faxes and e-mails might already be under surveillance," he told a Tal&Qual reporter this week with a shrug of shoulders that shows his perfect awareness of the situation.
Originally from Lisbon, where he was born 40 years ago, Carlos Coelho was president of the Young Social-Democrats and became the youngest MP in Europe at the age of 19 when he replaced the late MP Natália Correia in the Portuguese national parliament. His personality is marked by a very peculiar sense of humour that makes him, for instance, wear ties with rabbit images (in Portuguese Coelho = rabbit), which is enough to break with protocol rules in the most serious situations.
Carlos Coelho was also one of the youngest Portuguese government member when he was the under-secretary to the minister of Education Manuela Ferreira Leite. Now, his election for "first-vigilant" of Echelon is due to the fact that he¹s a member of the Committe on Citizen¹s Freedoms and Rights, Justice and Home Affairs at the EP.
On the other hand, if our man in Strasbourg faces any difficulty penetrating the complex world of espionage, he can always hope for advice from his colleague and leader of the PSD MP¹s at the EP, Pacheco Pereira, the author of the introductory text of the Portuguese version of the most polemical espionage book since the end of the Cold War: The Mitrokhin Archive, which will be published next November in Portugal.
Industrial espionage
Carlos Coelho is going to co-ordinate a group of 36 MPs for a year, starting next September. "There's a system which is organized and controlled by the American secret services which has the capacity to intercept practically all forms of communication of voice and data at a planetary scale," Carlos Coelho said last March to the European Committee, in Brussels.
After the Berlin Wall fell and the end of Cold War between the United States and the former USSR, this powerful surveillance system known as Echelon "was directed not with purely military and defence intentions, but with commercial, industrial and tecnological goals," the Portuguese MP also said.
Several journalistic investigations about Echelon, the most recent made by Duncan Campbell, shows well how information gathered by the spy satellites from the USA ruined important business of European companies. In 1994, for instance, the system intercepted telephone calls between the French company Thomson-CSF and the Brasilian SIVAM to negotiate a surveillance system in the Amazon jungle. After those telephone interceptions, bribe allegations were raised that the French had tried to buy over a member of the Brasilian governmental board. In the end, the business went to the American company Raytheon, the same that is in charge of the maintenance and engineering services of the American Echelon base in Sugar Grove, Virginia, in the US.
A year later it was the turn of the aviation company Airbus, also French, to be the victim of the action of the US spies.
According to the Duncan Campbell report the American satellites got access to every fax and telephone call between Airbus, the government and members of the air force of Saudi Arabia. The agents found that the French were offering a bribe to a Saudi official. Thanks to this information, the Americans won the 6 billion dollar business that went to Boeing and McDonnell Douglas.
Allies
One additional problem for Carlos Coelho is that one of the partners of the Americans on this spy system is the United Kingdom, also a member of the European Union. "If France tells us that we can't have acess to certain information because they consider it to be a state secret, we are not going to insist on the request. As for UK, the case might be different...," explained Carlos Coelho this week to Tal&Qual.
"In September, I will start co-ordinating the group, first asking the nations involved on Echelon  for the necessary co-operation. Only afterwards will I see what can be done in face of the answers that we will get from those countries," added the same Euro MP.
The origins of Echelon date to 1947, when the secret services of the UK and USA created the UKUSA agreement. The intention was to watch the movements of the nations that after Word War II were left behind the iron curtain raised by the communists from Moscow.
As years went by, the antennas of the UKUSA agreement spread to the allied countries of Canada, Australia and New Zeland, creating a privileged net of Anglo-Saxon information. Excluded from this group are the other powerful European nations such as France, Italy and Germany.
Abbreviations
For the study about Echelon it's better to forget CIA. The name to remember for this information net is NSA -- National Security Agency. Created in 1952, NSA's main goal is just to gather information. It has no agents like CIA, and doesn¹t make international operations able to inspire espionage romances like the mythical John Le Carré. But, in order to get an idea about how effective they are, let's just state the fact that it was the NSA which found the exact location of the Argentinian guerrilla Che Guevara when he was in Bolivia, information that led to his death.
For the most part members at NSA are recruited from the Air Force, Navy and Army. Only a small number are the civilian.
As for the English, forget the lesser and lesser secret services of MI5 and James Bond's MI6. Now the abbreviation is GCHQ -- Government Communications Headquarters. But, let's not assume that on this game there's any kind of loyalty. One example: the NSA men at the American embassy in London do spy on the diplomatic talks of their allies at UKUSA. It's a spy world.
Well informed sources
In order to know more about the world of espionage, and in particular about Echelon, the best place where Carlos Coelho might start looking is the internet site ... This place is managed by John Young, a New York architect that, without geting a penny for it, publishes every day documents that arrive to him from every part of the world. His archive is large and has the most diverse information on cryptography, news, articles and documents about actions made by several "intelligence" services of several nations. The archive is available on-line and can be very precious to our Euro MP.
On the other side, in case Carlos Coelho think it might be necessary, he can always call to testify on his committtee the former British secret agent of MI5, David Shayler, that now lives in a farm near Paris and that can not return to the UK. The former agent, in case he returns home, faces the risk of being arrested because he revealed less than correct actions of the secret services while he worked there. David Shayler will also be able to explain to the committee how easy it is for the British services to spy inside and, mainly, outside their borders.


Frederico Duarte is a 27-year-old journalist at Tal&Qual since 1996. Mr. Duarte is preparing a book on Michael John Smith who was convicted in 1993 of charges by the British Government that he was a spy for the KGB. Mr. John Smith was sentenced to 25 years and is now in Full Sutton Prison, York.



Mr. Duarte has researched and written on intelligence and espionage since 1992, when his interest was stimulated by the John Smith case that had connections with Oporto, Portugal, Mr. Duarte's hometown. Mr. Duarte has found information on the John Smith case not presented during the trial which supports Mr. John Smith's claims of innocence. He welcomes additional information on the case. Send to: fredericoduarte@lycos.com

Thursday, June 6, 2013

INTELLIGENCE

LOSING THE CODE WAR

STEPHEN BUDIANSKY
The great age of code breaking is over -- and with it much of our ability to track the communications of our enemies
Within days of the September 11 attacks U.S. intelligence agencies were being blamed in many quarters for their failure to detect the terrorists' plans in advance. Mistakes in the formulation and execution of intelligence policy were no doubt made. Yet there is no one to blame for what is probably by far the greatest setback in recent years to American capabilities for keeping tabs on terrorists: the fact that it is now virtually impossible to break the encrypted communication systems that PCs and the Internet have made available to everyone -- including, apparently, al Qaeda. The real culprits behind this intelligence failing are the advance of technology and the laws of mathematics.
For more than a decade the National Security Agency has been keenly aware that the battle of wits between code users and code breakers was tipping ineluctably in favor of the code users. Their victory has been clinched by the powerful encryption software now incorporated in most commercial e-mail and Web-browser programs.
It has always been theoretically possible to produce a completely unbreakable code, but only at considerable inconvenience. In the 1920s two groups of code users, Soviet spies and German diplomats, became aware of the vulnerability of their existing systems and began to rely on what are known as one-time pads. In this system sender and receiver are supplied with matching pages containing strings of numbers; each page is used as a key for encoding and decoding a single message and then discarded. If properly used, this scheme is unbreakable, Yet in practice corners were invariably cut, because the system was logistically complicated, involving -- among other things -- teams of couriers to deliver new onetime pads as the old ones were used up.
Until the end of the twentieth century any more practical coding system that could be devised was susceptible to a basic flaw that a skilled code breaker could exploit. Language is extremely patterned -- certain letters and words occur far more often than others. The essential task of a code key is to disguise that non-randonmess. The key might, for example, consist of a long string of random numbers specifying where in the alphabet each letter of the message text should be shifted. If the first letter of the message were A and the first key number 3, then that A would become D in the coded version of the text; if the fourth letter were A and the fourth key number 5, then that A would become F; and so on. Many schemes were developed to provide users with very long key strings, in an attempt to approach the security offered by the one-time pad. Some systems used code books containing tens of thousands of key numbers; others, such as the famous German Enigma machine of World War II, used rotating wheels containing wires and electrical contacts to generate a sequence of permutations.
Yet eventually some of the strings of key would have to be used in more than one message, and when they were, the underlying patterns of language would begin to glow dimly through. The history of twentieth-century code breaking is at its heart the development of a series of increasingly sophisticated mathematical methods to detect non-randomness. The best code breakers were usually able to keep pace with the latest advances in code making, because of the practical limitations of producing very long strings of truly random, non-repeating key. The Enigma machine could be reset each day to one of a million million million million different key-string permutations, yet because of the machine's reliance on mechanically rotating wheels, those different combinations were not completely random or independent; subtle mathematical relationships connected one combination to another, and Allied code breakers were able to develop a brilliant mathematical technique that required them to test only a few thousand different combinations to break each day's setting. In effect, they discovered a shortcut, much like a safecracker's using a stethoscope to listen to the tumblers fall rather than attempting the "brute force" approach of trying every single combination.
But the postwar advent of general-purpose computers -- stimulated by funding from the NSA -- began a process that by the end of the century gave code makers an unassailable lead.
At first, when the extremely high price of computers ensured that government agencies would always have a commanding technological lead over the public, computers enabled the code breakers to abandon much subtlety in favor of brute force: the computers could simply run through every possible key setting to find the one that worked. But this was ultimately a losing proposition, because in terms of computing power it is always cheaper and easier to generate longer and longer keys than it is to test longer and longer keys. Once computers became widely available, the game was over.
In 1998 a team of private-sector computer experts built a special-purpose computer that could test 92 billion different key sequences per second in the widely used Data Encryption Standard system, a mainstay of encoding for commercial electronic traffic, such as bank transfers. It took them fifty-six hours to break a message that was encoded in a version of DES that chooses from some 72 quadrillion possible keys for enciphering each message. (The number of possible keys available in a computer-generated code is typically measured in terms of the length of the binary numeral required to specify which key sequence to use; fifty-six bits give about 72 quadrillion combinations, so this version is called 56-bit DES.) That feat was hailed as a great technological triumph, and it undoubtedly was one. It was also clearly intended to make a statement -- mainly, that DES, which the U.S. government had promulgated, was deliberately designed to keep ordinary code users from employing anything too hard for the NSA to break. But there was an utterly trivial fix that DES users could employ if they were worried about security: they could simply encrypt each message twice, turning 56-bit DES into 112-bit DES, and squaring the number of key sequences that a code breaker would have to try. Messages could even be encrypted thrice; and, indeed, many financial institutions at the time were already using "Triple DES."
Issued in 1977, DES was originally implemented in a computer chip, which made it possible at least in principle to control the spread of encryption technology through export restrictions. Huge increases in the processing power of PCs, however, subsequently made it easy to realize much more complex encryption schemes purely in software, and the Internet made it practically impossible to prevent the rapid spread of' such software to anyone who wanted it. Today most Web browsers use 128-bit encryption as the basic standard; a brute-force attack would take the world's fastest supercomputer something like a trillion years at present. If someone develops a supercomputer that is twice as fast, a code user need only start using 129-bit encryption to maintain the same relative advantage.
The standard e-mail encryption software, supplied with most computers, is the PGP ("pretty good privacy") system. In its latest version it is actually considerably better than pretty good. Users can select 2048-bit (equivalent to a little less than 128-bit DES) or even 4096-bit (equivalent to significantly more than 128-bit DES) keys.
Osama bin Laden's network is suspected of employing additional methods to veil its communications. Some reports suggest that a1 Qaeda not only used encrypted e-mail but also hid encrypted message texts within picture files or other data that could be downloaded from a Web site.
The implications of this fundamental shift in the balance of cryptologic power between the spies and the spied-upon are profound. Before World War II most Western governments, and their military officials looked on intelligence with considerable contempt if they paid attention to it at all. Information from paid spies has always been notoriously unreliable -- colored by ineptness, by a mercenary calculation of what the customer wants to hear, and sometimes by outright deceit. The explosion of intelligence from decoded enemy signals that took place during World War II, however, revolutionized both the profession of intelligence gathering and its impact. Signals intelligence was information coming unfiltered from the mouth of the enemy; its objectivity and authenticity were unparalleled. The proof was in the payoff. The victory at Midway, the sinking of scores of Japanese and German submarines, the rout of Rommel across North Africa, the success of D-Day -- all depended directly and crucially on intelligence from decoded Axis communications.
Signals intelligence is not completely dead, of course: bad guys make mistakes; they sometimes still use the phone or radio when they need to communicate in a hurry; and a surprising amount of useful intelligence can be gleaned from analyzing communication patterns even if the content of the communications is unreadable. Still, if encrypted-signals intelligence is to continue to provide information about enemy plans and organization, it must be accompanied by a significant increase in direct undercover operations. A hint of things to come emerged this past summer in the federal criminal trial of Nicodemo Scarfo Jr., who faces charges of running gambling and loan-sharking operations for the Gambino crime family. Federal agents, discovering that Scarfo kept records of his business in encrypted files on his PC, obtained a court order to surreptitiously install on his computer what was identified in court papers as a "key-logger system." The system (whether hardware or software is unclear) apparently recorded every keystroke typed into the computer, eventually enabling FBI agents to recover the password Scarfo used with his encryption software. Planting such electronic bugs directly in computers, or perhaps even sabotaging encryption software with a "back door" that code breakers could exploit, would generally require direct access to the machines. A plan proposed by the Clinton Administration would have obviated the need for direct access. But the plan, which would have required all American makers of encryption software to install a back door accessible by U.S. intelligence agencies acting with court approval, was abandoned, in part because of the argument that the requirement would not apply to foreign software makers, who are now perfectly capable of equaling the most sophisticated American-made commercial encryption software.
An effort in the Senate to revive that plan and include it in the anti-terrorism bill that was signed into law October 26 received little support and was withdrawn, and on much the same grounds -- that however powerful an intelligence tool code breaking was during its golden age, in World War II and the Cold War, the technical reality is that those days are gone. Code breaking simply cannot work the magic it once did.


Cryptome: Mr. Budiansky is a correspondent for The Atlantic Monthly, based in Leesburg, Virginia. His book on Allied codebreaking in World War II, Battle of Wits, was published in 2000 by The Free Press.
Mr. Budiansky is sufficiently knowledgeable about codebreaking to note that codebreakers never reveal their decrypting capabilities and will go to considerable lengths to hide them or promulgate disinformation so that code users will believe their systems are secure. There have been a fair number of articles promoting the notion of NSA's loss of codebreaking capabilities as public use of encryption increases. This would be consistent with a campaign of disinformation similar to that employed for earlier code-breaking deceptions. Professional cryptographers and computer security specialists remind that code-breaking today is not usually directed against the mathematical strengths of an encryption program but against the program's more vulnerable implementation -- such as the faults of a computer operating system, weaknesses in processor design, poorly chosen obvious passphrases or inadequately protected passphrases. Occasionally the articles report, as does Mr. Budiansky's here, alternative methods employed to bypass encryption (the Scarfo case repeatedly cited as if planned and publicized for that purpose), but not always.
It is probable that some of the methods described for bypassing encryption are disinformative, and disseminated to divert attention from true capabilities of decryption and/or burglary. For example, those used by the Special Collections Service (SCS), a covert unit operated by the CIA and NSA to burgle targeted facilities making use of encryption. The publicized feats of the SCS may be disinformation to conceal decryption capabilities. Sample article on SCS below.


Source: http://www.business20.com/articles/mag/print/0,1643,17511,FF.html
Business 2.0
November 2001

Weapons of the Secret War

By: Paul Kaihla
How the shadowy science of signals intelligence, honed in the drug wars, can help us fight terrorism.

The target never had a clue that he was in imminent danger. A high-ranking member of a Kashmiri terrorist group implicated in the World Trade Center attack, he had every reason to believe he had eluded the manhunt. He was lying low in a nondescript safe house on the outskirts of Peshawar in Pakistan's Khyber Pass region. He steered clear of phones and kept to himself. His sole contact with his global ring was through wireless e-mail transmitted by a high-frequency radio running on only eight flashlight batteries. Using that low-powered signal to send messages of only a few words at a time -- keeping transmissions to short bursts -- he was impossible to trace.
Or so he thought.
What the terrorist couldn't know was that signals intelligence operatives had been on his trail for months. His communications network relied on a base station hundreds of miles away in the Afghan desert; that device had been spotted by a robotic spy plane, a U.S. Air Force Predator, that was mapping radio traffic along the mountainous Afghan-Pakistani border from an altitude of 25,000 feet. Thereafter, each radio message he sent brought his fate closer, the final one pinpointed by members of the U.S. antiterrorism unit, Delta Force, who were sweeping his outpost with handheld direction finders. They staked out the house with local commandos and waited. When their man stepped out for some air, they made a visual confirmation and radioed the kill order to a Pakistani sniper team. From a quarter-mile away, a shooter took out the target with a single .50-caliber bullet.
In the shadowy war against the architects of the Sept. 11 atrocity, this is how victory may look. If you think it all sounds too much like a Tom Clancy novel to be true, you're mistaken: The hypothetical scenario above parallels almost exactly the real-life demise on Dec. 2, 1993, of public enemy number one in the U.S. war on drugs, Pablo Escobar. That manhunt ended in Medellmn, of course, not Peshawar, and the infinite justice was administered by Colombian, not Pakistani, commandos. Still, members of the U.S. intelligence community and military say the drug cartel raids of the 1990s are a model for antiterror strategists today. In both campaigns, U.S. special forces advise indigenous troops, who do the actual dirty work. And in both cases, American signals intelligence technology plays a crucial role.
Broadly speaking, signals intelligence (sigint) is the interception, exploitation, and jamming of electronic communication, whether it's radiated through the atmosphere and sea or through fixed lines like the telephone grid. In its 21st-century American application, it is a multibillion-dollar enterprise designed to eavesdrop on the conversations and data traffic of U.S. adversaries anywhere in the world. (However, the law prohibits blanket electronic monitoring of U.S. residents, one reason perhaps that intelligence agencies missed the hundreds of e-mails the Sept. 11 hijackers exchanged with each other from personal computers and public library kiosks.) The listening posts in this worldwide surveillance network range from simple radio antennas wired into sophisticated receivers to P-3 Orion spy planes operated by the U.S. Navy and Customs Service to nuclear submarines like the USSJimmy Carter, which can sit on the ocean floor for weeks at a time tapping undersea fiber-optic cables. The network even extends into space, where at least eight geosynchronous spy satellites vacuum up radio and other waves emanating from earth, beam the captured data to receivers on various continents, and then relay them to the mecca of sigint, the Fort Meade, Md., headquarters of the National Security Agency (NSA). Some of the above listening points feed data into the computers of a Cold War-inspired intelligence cooperative called Echelon, maintained by the United States, Canada, Britain, Australia, and New Zealand.
Behind the octopuslike network of listening posts is a technological arsenal that would stretch the imagination of Silicon Valley's best engineers. There are instruments known as spectrum analyzers, which are like MRI-scanners for all electromagnetic signals in an area. They not only can find a radio transmitter hidden in the mountains but will tell you its energy source. Data-mining software can comb through hundreds of millions of intercepted e-mail messages, faxes, and phone calls in a matter of minutes to find a single hot-button sequence -- say, the fax number of a suspected terrorist. Most mind-boggling of all is a system that can pick a single voice out of thousands of cell-phone conversations in an area, even if the speaker is constantly switching phones to avoid interception.
At the controls of all of this high-tech gear are specialists who number only a few hundred in the United States and perhaps only 2,000 in the entire world. Not surprisingly, they aren't particularly chatty about their occupation, but it's clear that they're in greater demand than ever. One of the handful of private contractors in the group (most are on the government payroll) told Business 2.0 that he was hired by a three-letter government agency the day of the attacks on New York and Washington, and has worked practically around the clock since. Of his latest assignment, all he will say is "I have to fly somewhere for this job tomorrow, and it won't be on a civilian aircraft."
Steve Uhrig [http://www.swssec.com] is another private sigint contractor, a onetime "spook" with U.S. Naval Intelligence who is now one of the most respected surveillance and technical countermeasure specialists in the world. In other words, he installs bugs and wiretaps, as well as conducts sweeps for them, and designs "black boxes" of spy gear for clients that have ranged from the NSA and the CIA to Tom Clancy himself. (Uhrig spent the summer wiring the author's 440-acre Maryland compound with state-of-the-art surveillance and security gear.) He has not yet been tapped for the war effort. But to the extent that the campaign against the Colombian drug cartels was a rehearsal for the coming showdown with terrorists, Uhrig has a unique perspective on how the new conflict might shape up. After all, the Colombian army is by far his largest customer. Among the surveillance systems he has set up in Colombia is a network of 100 "beeper busters," computer-driven receivers with decoders that can filter both pager numbers and content of interest to authorities in real time. Now the instant a suspected trafficker or money launderer receives a pager message, Colombian army intelligence has a copy of it.
The Escobar takedown shows how U.S. sigint can work with local forces to eliminate bad guys. In 1993 the CIA and a covert U.S. Army unit called Centra Spike spent months in Colombia monitoring Escobar's communications from both the ground and the air, finally pinpointing his location when he made a call from his cell phone. Colombian special forces commandos gunned down the Medellmn cartel leader as he ran barefoot across the rooftop of an apartment building.
Sigint's work against the cocaine cartels evolved into a game of high-tech cat-and-mouse, especially after Escobar's death taught traffickers the vulnerability of cell phones. One of the cartels' countermeasures is to "roll" cell phones to confuse wiretappers. Using scanners, they steal the identities of innocent bystanders' mobile phones and program the "cloned" numbers into their own handsets for a few days at a time. Authorities can't keep track of what phone numbers they should be tapping.
In response, authorities deployed a remarkable surveillance technology that operates over Colombia from spy planes. It uses a series of devices called IF-to-tape converters ("IF" stands for "intermediate frequency"), in conjunction with directional antennas, receivers, and wide-band recorders, to scoop up the major bands across the entire cellular spectrum. Loaded with the proper gear, one aircraft can record all of the cell traffic in a major city by circling it at a high altitude and exploiting the powerful microwave signals that form a handshake between cell sites in wireless networks. Back at the plane's base, a computer extracts audio files of actual conversations from the captured signals. The audio files are then filtered with sophisticated voice recognition software, allowing intelligence analysts to identify all of a suspect's conversations by his voice, no matter how many times he rolls his phones.
According to Uhrig, those kinds of vacuum cleaner technologies will not be as effective against Middle Eastern terrorists. For one thing, Afghanistan has no cellular service. For another, this year's successful prosecution of four terrorists implicated in the 1998 bombings of U.S. embassies in Africa relied heavily on NSA intercepts of cellular and satellite phone calls between terrorist leader Osama bin Laden and his al Qaeda network. All too aware that its phones were compromised, al Qaeda has reportedly curtailed its use of phones.
Sigint operatives will adapt by trying to move in closer to bin Laden. That delicate and dangerous task is the forte of an unacknowledged U.S. intelligence agency bearing the innocuous name of Special Collections Service (SCS). The agency, housed in Beltsville, Md., a short freeway ride from NSA headquarters, is jointly staffed by the NSA and the CIA. Operating under cover from U.S. embassies around the world, the agency is known for Mission Impossible-style operations -- most famously, hiding bugs on pigeons that perched on windowsills of the Soviet embassy in Washington, D.C. The SCS is currently working overtime, experts have told Business 2.0, eavesdropping on government communications in Middle East capitals and, where possible, setting up listening posts around figures close to bin Laden's network. "They'll be trying to build a case to show the Taliban's support for al Qaeda," says a retired U.S. special operations colonel who is still involved with the military.
If bin Laden or other suspects try to blend into a densely populated city, they might choose to talk on a radio frequency that they will "snuggle" next to a powerful signal like a local television transmitter. "If you're sweeping the area for a radio, you'll miss it unless you know exactly what you're looking for," says Uhrig, who was the technical consultant for the film Enemy of the State. "A receiver will lock on to the big transmitter." In that case, electronic espionage agents would likely do their hunting with a spectrum analyzer. This device shows a picture on a monitor of all signals, big and small, and can break them down into their component parts much like a chemical analysis of your drinking water.
If, as seems more likely, bin Laden remains holed up in his mountain hideouts, Uhrig surmises that the terrorist leader may use a low-powered high-frequency radio network, whose signals would be drowned in background noise such as that emitted by electronic car ignitions. But sigint doesn't need to capture a whole conversation to make life very tenuous for the broadcaster. In a manhunt, in fact, all it really needs to do is ascertain the coordinates of a target. Modern direction finders can get a bearing on a radio or a cell phone even if they capture a signal lasting as little as 20 milliseconds. In that scenario, a target may meet his end not with a sniper's bullet but with something much louder. Out in the Afghan mountains, says a high-ranking officer formerly in charge of counter-drug operations and surveillance in South America, "there is no reason to put our troops in danger and do a SWAT-style hard takedown. You would just put a high-tech weapon on him -- send a Tomahawk into his cave with a laser detonator."
No one in the military or intelligence communities thinks it will be easy to locate -- let alone stamp out -- the organizations responsible for the attacks on the nation's largest city and its capital. But no criminals in history have had so much electronic weaponry arrayed against them as bin Laden and his cohorts do today. "If bin Laden has anything that creates an RF signal, his ass is grass," says the private sigint specialist who was contracted for the manhunt. "If our boy has any brains at all, the only thing he has on him is his handy Kalishnikov and a copy of the Koran."